Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, morta em 29 de março de 2008, entrou na Justiça com uma ação indenizatória por danos morais para retirar do mercado e impedir qualquer publicação nova do livro "Isabella". O livro, que teria chegado a 10 mil cópias e tem na capa a foto de Isabella que não foi autorizada pela família, discorda da versão de assassinato apresentada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, inocenta o casal Nardoni e defende a tese de acidente doméstico para explicar a morte da menina.
De acordo com a advogada da família Oliveira, Cristina Christo, o documento da ação foi enviado nesta terça-feira (29) ao Fórum Regional de Santana, também na Zona Norte da capital paulista.
A ação é contra o autor do livro, o escritor e médico gaúcho Paulo Papandreu, de 53 anos, e a editora e gráfica Pallotti, de Santa Maria (RS), que fez a impressão do material. Um juiz será designado para analisar o pedido e depois dará sua decisão, ainda sem prazo para que isso ocorra. Caso sejam condenados pelo dano, o juiz irá estipular o valor da indenização para a mãe de Isabella.
Publicado em junho deste ano no Rio Grande do Sul, "Isabella" poderia ganhar também uma versão nacional com o título "Caso Isabella: verdade nova", conforme disse Papandreu no dia 15.
Versão oficial
Para a Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público, Isabella foi vítima de homicídio. Para a perícia do Instituto de Criminalística (IC), que embasou a acusação da Promotoria, os assassinos são Alexandre Nardoni e Anna Jatobá. Eles teriam matado a menina após uma discussão. Isabella foi encontrada morta no terraço do edifício do casal.
O casal nega o crime, afirma que um suposto assaltante seria o assassino de Isabella. O promotor Francisco Cembranelli, no entanto, discorda. Para ele, Jatobá esganou a enteada e Alexandre a jogou pela janela. Denunciados à Justiça, os dois estão presos preventivamente e devem ir a júri popular em 2010.
Nas 128 páginas de seu livro, Papandreu, que tem 53 anos e é médico, busca derrubar a tese da polícia paulista. Para chegar à tese de acidente doméstico, ele disse que procurou por conta própria todos os envolvidos no caso, mas não falou com o casal.
Para o promotor Cembranelli, o livro de Papandreu é "sem pé nem cabeça". Além de "Isabella", o médico George Sanguinetti também afirma estar escrevendo um livro sobre o caso, no qual defende a tese da terceira pessoa. De acordo com o promotor, os livros não atrapalharão o andamento do processo criminal.
Acidente doméstico A tese de acidente doméstico defendida por Papandreu jamais foi levada à frente pelos ex-advogados dos Nardoni, que insistiam em que uma terceira pessoa teria matado Isabella.
O atual advogado de Alexandre e Anna Jatobá, Roberto Podval, não descarta a possibilidade de uma outra pessoa ter cometido o crime, mas agora também acredita na hipótese de acidente doméstico. No domingo (27), a defesa falou ao Fantástico pela primeira vez, sobre isso. Segundo essa tese, Isabella poderia ter se assustado ao acordar e ver que estava sozinha. Ela, então, teria cortado a rede e caído, na tentativa de encontrar alguém da família.
Outro lado
Procurado para comentar o fato de a advogada da família materna de Isabella ter entrado com uma ação contra a venda de seu livro, Papandreu disse nesta quarta-feira (30) que vai "fazer o que a Justiça determinar". "Se [a ação] for por causa da foto da Isabella, que é de domínio publico, eu a tiro do livro", completou o escritor. "A foto da menina apareceu em todas as mídias do país".
Papandreu rebateu a crítica da advogada de que o livro fere a memória de Isabella. "Mais ferida a memória está agora porque vai querer valer a tese de que o pai e a madrasta mataram Isabella".
O médico escritor também afirma que se seu livro for proibido pela Justiça por causa da tese que escreveu, a nova defesa do casal Nardoni também não poderá usar a hipótese de acidente doméstico no júri.
Ainda nesta quarta, após ter sido informado da ação contra ele, Papandreu informou que pretende agora distribuir seu livro em São Paulo como panfleto. "Tenho 3 mil livros num hotel na Rua Augusta e vou distribuí-los como panfletos para taxistas no Largo São Francisco", disse. O médico alega que bancou todo o custo da impressão, mas não revela o valor. Informa também que estava vendendo cada exemplar por R$ 19.
Também procurada para comentar o assunto, a gráfica e editora Pallotti informou , por meio de um de seus sócios, Reik Burin, que "recebe encomendas de cinco a seis livros de títulos por dia. E que somente os imprime. A gráfica informa que não fiscaliza o conteúdo e nem participa da distribuição do livro. A distribuição e responsabilidade pelo livro compete somente ao autor".
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