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Após cinco dias de procura, a Polícia Civil de Uberaba (MG) encontrou os corpos de dois bebês gêmeos, de dois meses, que foram mortos a mando do suposto pai, num caso que envolve reconhecimento de paternidade.

A mãe das crianças, a comerciária Izabella Gianvechio, 22, também foi morta no crime, ocorrido na última quinta-feira (12).

Naquele dia, Izabella se encontrou com o comerciante Matusalém Ferreira Júnior, 48, o suposto pai das crianças Lucas e Ana Flávia. Casado e com filhos, ele relutava em assumir a paternidade dos novos filhos, segundo familiares e amigos da jovem disseram à reportagem.

Numa conversa com uma amiga, Izabella disse que o comerciante, que é de Sacramento (MG), iria levar fotos de seus outros filhos para "comparar" e fazer "tudo certinho". Pediu até para que ela levasse o carrinho dos bebês, para passear num shopping.

Desde as 16h daquele dia, ela e os filhos não foram mais vistos. O corpo de Izabella foi encontrado no mesmo dia em Aramina, cidade do interior paulista distante 45 quilômetros de Uberaba.

Só que, sem documentos -e como o pequeno município não tem geladeira para conservar corpos- foi enterrada como indigente.

A polícia mineira, que já investigava o caso após denúncia da família, descobriu dois dias depois que o corpo enterrado em São Paulo era o de Izabella, que foi levado para Uberaba e sepultado no último domingo.

As crianças, no entanto, permaneciam desaparecidas, o que motivou uma campanha de amigos e familiares em redes sociais.

"Sempre tivemos esperanças, até o fim, de que as crianças estivessem vivas e escondidas em algum lugar. Infelizmente não foi isso o que ocorreu", afirmou Marcos Souza, primo de Izabella e que liderou a campanha.

Ele e ao menos outras 50 pessoas foram para a porta da delegacia onde Ferreira Júnior prestou depoimento nesta terça-feira (17). Quando saiu para uma diligência com policiais, foi hostilizado pelo grupo.

Com mandado de prisão temporária decretada, ele viu o cerco se fechar após a polícia divulgar fotos suas e imagens de uma câmera de segurança que mostram seu veículo parando numa rotatória para pegar um outro homem após ter se encontrado com Izabella.

Na delegacia, Ferreira Júnior confessou parcialmente o crime e confirmou a identidade desse coautor, segundo a delegada Carla Garcia Bueno, da Delegacia de Orientação e Proteção à Família.

Ainda de acordo com ela, ele admitiu ter tido relacionamento com Izabella e disse que era possível ser o pai das crianças.

Os corpos dos bebês foram achados num local quatro quilômetros distante do corpo da mãe, próximo a uma arma, supostamente usada nos assassinatos.

Apesar disso, a causa da morte dos gêmeos dependerá de perícia, segundo a delegada, pois os corpos estavam em avançado estado de decomposição. Assim como Izabella, a polícia crê que os bebês foram mortos na quinta-feira.

O coautor está sendo procurado por policiais em Sacramento na noite desta terça.

O carro de Ferreira Júnior usado no crime foi encontrado carbonizado na manhã desta terça-feira numa lavoura de café em Pedregulho, também no interior de São Paulo.

O comerciante negou ter colocado fogo propositalmente no veículo. A polícia trabalha com a hipótese de que o coautor tenha feito isso. Sacramento fica 64 quilômetros distante de Pedregulho.

Ferreira Júnior será levado para a Penitenciária de Uberaba, e deve ficar isolado dos demais detentos. A reportagem não conseguiu falar com seus advogados.

Procurada, a mãe de Izabella, Ana Beatriz Gianvechio, 44, afirmou não ter condições de falar sobre o assunto. Até a chegada de Ferreira Júnior à delegacia, ela alimentava esperanças de recuperar os netos e criá-los.

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