Penitenciária Agrícola de Monte Cristo| Foto: HO/AFP

A maioria dos 31 mortos na chacina na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, na madrugada da última sexta-feira (6) estava presa por tráfico de drogas, de acordo com balanço divulgado na manhã deste sábado (7) pela Secretaria de Estado de Justiça e da Cidadania.

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Segundo o levantamento do governo de Roraima, 18 presos eram processados por tráfico de drogas ou mais crimes. Treze tinham registro de roubo nos prontuários, além de outros crimes, e seis respondiam por homicídio. Acusados de estupro eram pelo menos três.

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Entre os mortos estão presos sem identificação com facções, caso de Lázaro Quincas Saldanha, preso por tráfico, porte ilegal de armas e adulteração de veículo automotor.

“Ele recusou esse negócio de facção, dizia que não ia entrar nisso e que a facção dele era a família dele”, conta Solange Furtado, de 51 anos, amiga da vítima.

Os nomes de todos os mortos na matança foram divulgados nesta sábado. Durante a tarde, 19 corpos haviam sido identificados e cinco liberados para velório e enterro. Dezenas de familiares de detentos continuam em frente ao Instituto Médico Legal (IML), em Boa Vista, à espera da liberação dos corpos.

Familiares de detentos que não estão na lista de mortos, mas que foram informados por outros presos sobre suas mortes, reclamaram da falta de informação sobre eles. O governo prometeu verificar os casos até o fim da tarde.

O Departamento do Sistema Penitenciário suspendeu as visitas do próximo domingo (8) à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

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Retaliação

Vídeos divulgados por detentos logo após a chacina fortalecem a tese de que a matança foi uma retaliação e tentativa de exibição de força do Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem maioria na penitenciária, ao massacre de seus integrantes, em Manaus.

Pelo menos metade das 56 vítimas do massacre liderado pelo grupo Família do Norte, aliado ao Comando Vermelho (CV), no primeiro dia do ano na maior cadeia do Amazonas, era ligada ao PCC.

Da mesma forma que no massacre de Manaus, os presos foram executados com requintes de crueldade durante a madrugada. A matança ocorreu sem tomar agentes como reféns, quebradeira ou tentativa de fuga.

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“Olha aqui o que nós ‘faz’ aqui com você, seu safado. Vocês mataram os nossos irmãozinhos”, disse um dos detentos no vídeo que termina com exaltações ao PCC.

Familiares de presos que aguardavam por informações do lado de fora da penitenciária na sexta-feira confirmaram, reservadamente, que a ação foi uma resposta à chacina de Manaus.

Em entrevista, na sexta-feira, o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uriel Castro, tentou minimizar a hipótese de haver relação entre as chacinas.

“Não tem porque ser retaliação ao que houve em Manaus. Há uma rivalidade entre eles mesmos, e agora estão querendo falar em vingança, mas não há porque fazer vingança se não havia membros de outra organização criminosa dentro deste presídio.”