Um quarto dos municípios do Paraná (95) não alcançou as metas estipuladas para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011 nos anos iniciais do ensino fundamental. Nos anos finais, o desempenho foi pior: 40% das cidades (161) não conseguiram atingir a nota almejada. No Brasil a situação não é diferente 23% das cidades não atingiram as metas nos anos iniciais e 37% não alcançaram as notas estipuladas para o segundo ciclo.
Apesar de as médias para o estado terem sido atingidas tanto para os anos iniciais quanto os finais (veja infográfico), as notas por municípios apontam que ainda há um caminho a percorrer para melhorar a educação no Paraná. Para o presidente do Conselho Estadual de Educação, Oscar Alves, diversos fatores corroboram para o baixo desempenho de algumas cidades, como falta de investimento no setor e má remuneração dos professores. "O fato de o estado ter mantido a média não significa que a educação está indo bem", afirma.
Segundo ele, o setor só irá melhorar a partir do momento em que receber mais investimentos. "A educação é o pilar de desenvolvimento de qualquer sociedade. No entanto, hoje o investimento da União é muito aquém do ideal", afirma. Atualmente, União, estados e municípios aplicam juntos cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. "O novo Plano Nacional de Educação (PNE) deveria ser aprovado destinando 10% do PIB do país à educação até 2020", defende. O projeto, aprovado na Câmara dos Deputados no dia 26 de junho, ainda tramita no Senado Federal.
Além de maior investimento, Alves acredita ser necessário que o recurso seja aplicado no aperfeiçoamento dos docentes. "Os professores merecem um salário maior e de políticas públicas que garantam capacitação. Um professor não pode parar de estudar", afirma.
Para o presidente estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime-PR), Alysson Augusto Padilha, a dificuldade dos municípios recai justamente na escassez de recursos. "O valor que a União destina para o setor é baixo. Temos de ter planos de investimentos a médio e longo prazo", afirma.
A secretária de Educação de Porto Vitória, município localizado no Sul do estado, Henelda Lúcia Henz, lamenta que a cidade tenha ficado um ponto atrás da meta para os anos iniciais. O estipulado era 5,5 e a cidade conseguiu 4,5. "A gente não atingiu a meta porque na cidade havia em 2011 apenas uma turma do 5º ano, pouco aplicada, o que puxou a nota para baixo", diz.
Crescimento freado
O doutor em educação e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ângelo Souza acredita que as próximas avaliações do Ideb terão médias menos elevadas que a dos anos anteriores. Isso porque nos primeiros resultados a redução do índice de reprovação e de abandono escolar nos anos iniciais estimulada pelo surgimento da avaliação, cujo índice desestimula o sistema que aprova o aluno sem ele ter aprendido contribuiu para esse fenômeno. "A partir de agora os índices de reprovação e abandono vão se estagnar, e as notas do Ideb terão mais importância, pois serão resultado do grau de aprendizado em sala de aula. A melhoria agora requer um investimento maior e demanda mais tempo", afirma.