Mais de 50% dos infectados pelo vírus da aids ainda não sabem que estão contaminados e 10 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a remédios e tratamento para a doença. O alerta é do novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta para um déficit de US$ 10 bilhões no montante de recursos para garantir o tratamento da aids. No mundo, 33,4 milhões de pessoas estão contaminadas com a doença. Dessas, 15 milhões precisam de ajuda e apenas um terço tem acesso a remédios.No Brasil, cerca de 250 mil pessoas contaminadas pelo vírus HIV não sabem que são portadoras da doença e, apesar de ser citado sempre como exemplo, o país não faz parte do grupo de nações que já garantiu acesso universal a todos os pacientes. A constatação da OMS é de que, em uma década, avanços importantes foram feitos para garantir que a população mundial tivesse acesso a remédios. Mas todas as metas estabelecidas pela agência de saúde da ONU fracassaram. Em 2003, a meta era a de ter 3 milhões de pessoas sob tratamento em 2005. O número só foi atingido em 2007.
Para 2010, a meta era a de conseguir que todos os países em desenvolvimento obtivessem 80% de sua população com acesso aos tratamentos, num total de 15 milhões de pessoas. Mas, segundo a OMS, o número ao final de 2009 era de apenas 5,2 milhões de pacientes recebendo tratamento, 36% do total. Apenas oito países conseguiram atingir a marca de 80% de seus pacientes atendidos, entre eles Romênia, Ruanda, Cuba, Croácia e Botsuana. Mais uma vez, a meta fracassou e agora o prazo que a ONU se dá é de 2015 para atingir esse objetivo.
No Brasil
Os dados sobre o Brasil são alvo de polêmicas. Por uma disparidade da forma de contabilizar o número de doentes e de pessoas com acesso a remédios, a OMS indica que entre 50% e 80% dos brasileiros portadores do vírus HIV têm acesso ao tratamento, o que representa cerca de 200 mil pessoas de um total de 620 mil. Pelos dados divulgados ontem, a OMS indica que entre 20 mil e 190 mil brasileiros ainda precisariam de remédios, mas considera a epidemia da aids concentrada em determinados nichos.
"Não há fila para entrar no programa de tratamento", afirmou uma das especialistas da Unaids, a brasileira Mariângela Simões, ex- chefe do programa brasileiro de combate à aids. Para ela, o desafio no Brasil é garantir que pessoas contaminadas sejam diagnosticadas para que possam entrar no programa.
Segundo o estudo, apenas 47% de prostitutas brasileiras dizem ter sido alvo de programas de prevenção. Há pouco mais de três centros de diagnóstico e aconselhamento para cada 100 mil brasileiros. Na Argentina, são 38 centros para cada 100 mil, contra 18 em Honduras, 51 na Malásia, 32 no Peru e 15 na África do Sul.
