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Alternativa

No PR, 17 consórcios devem auxiliar cidades a cumprir legislação

Para tentar auxiliar os municípios paranaenses a cumprirem a determinação, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente apoiou a formação de 17 consórcios intermunicipais para a gestão do lixo. O projeto faz parte do Plano Estadual de Regionalização de Gestão dos Resíduos Sólidos, que previa inicialmente que 20 regionais compartilhariam a responsabilidade de gerir a disposição final do lixo. O Ministério do Meio Ambiente aponta que uma das saídas é a realização de uma administração consorciada de um aterro sanitário. Cada consórcio possui cerca de uma dezena de cidades. Ao todo, 165 municípios farão parte dos consórcios paranaenses. Os projetos serão financiados por uma linha de crédito de cerca de R$ 140 milhões, concedida pela Agência Francesa de Desenvolvimento e operacionalizada pela Fomento Paraná. "Esse valor contribuirá para que os municípios se estruturem e também para que os que já têm aterro possam aprimorar as atividades. Algumas cidades já estão destinando os resíduos para aterros de cidades vizinhas. Aqueles que não estão fazendo isso precisam fazer um TAC", diz Carlos Garcez, da Sema.

Coleta seletiva

A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos esbarra em outras dificuldades no Brasil. A coleta seletiva, um dos pilares na gestão do lixo, não é plenamente difundida no país: 40,2% dos municípios não têm iniciativas desse tipo, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza. Levantamento da Confederação Nacional de Municípios constatou que 46,5% dos municípios pesquisados com até 100 mil habitantes não têm plano de gestão integrada de resíduos sólidos. No Paraná, segundo o Instituto Ambiental do Paraná, 53% têm programas de coleta seletiva e 5,75% adotam programas de compostagem.

Mais da metade dos municípios brasileiros não terá condição de obedecer à legislação que determina o fim dos lixões a partir de hoje em todo o território nacional. A meta estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010 não será cumprida e nem possui data para ser aplicada em aproximadamente 3 mil cidades, de um total de 5.570 em todo o país. No Paraná, a situação é semelhante. Estima-se que 180 dos 399 municípios ainda usam lixões como destino final do lixo.

INFOGRÁFICO: Confira algumas normas para um aterro

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 1,1 mil das 2,4 mil cidades com até 300 mil habitantes consultadas pela entidade sequer possuem o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), requisito indispensável para a obtenção de verbas federais para a extinção dos lixões. O prazo final de entrega desse documento era agosto de 2012. O levantamento indica ainda que 16 capitais não têm aterro sanitário, incluindo Belo Horizonte, Brasília, Recife e Porto Alegre. Curitiba consta na lista das que possuem o espaço.

O coordenador de Resíduos Sólidos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Carlos Garcez, afirma que, no Paraná, entre 55% e 60% das cidades possuem aterro, o que faz com que cerca de 70% das 20 mil toneladas de lixo produzidas no estado sejam destinadas aos aterros. "Tem de levar em consideração que a maioria das cidades é de pequeno porte", salienta.

A partir de hoje, as cidades serão fiscalizadas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e pelo Ministério Público. A recomendação é de que o IAP não multe imediatamente as prefeituras que se encontram em situação irregular.

Compromisso

A Sema pretende dialogar com o município para firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), estipulando prazos para que os gestores municipais coloquem um fim aos lixões. "Dessa forma, prorrogamos o prazo para que as cidades possam cumprir essa determinação", afirma Garcez.

O coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato Santos, explica que, se for firmado um TAC, o município não será processado imediatamente. "Ele terá os prazos para cumprir e deverá se prontificar a cumpri-los", ressalta. Porém, se o prefeito não realizar um TAC, ele já poderá ser multado a partir de hoje. Santos revela ainda que cerca de 150 TACs já estão em andamento no estado.

As cidades que não atenderem à lei ficarão impedidas de receber recursos federais para o setor, já que o plano é critério de acesso a verbas. O descumprimento pode resultar na responsabilização dos prefeitos por crime ambiental, com multa de R$ 5 mil a R$ 50 milhões, e também em pena prevista de um a cinco anos de reclusão.

Projeto de lei pode dar novo prazo às prefeituras

Preocupado com a possibilidade de prefeitos virarem alvo de ações judiciais em pleno ano eleitoral, o Palácio do Planalto deu aval à iniciativa de parlamentares de estender o prazo do fim dos lixões, fixado para hoje. Por meio da Medida Provisória 651, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) tenta viabilizar o adiamento por oito anos do fim dos lixões — ou seja, para 2022.

A medida trata de uma série de assuntos, como isenção de imposto e tributação de operações de empréstimos, e só deverá ser votada em setembro. O governo, por sua vez, concorda com o adiamento, mas não por oito anos. Segundo a Agência Estado, o Palácio do Planalto vê com bons olhos a possibilidade de fixar prazos variados para o fim dos lixões, conforme a economia e o número de habitantes do município. O Planalto cogita usar bancos públicos para abrir linhas de crédito e financiar a construção de aterros sanitários.

O presidente da Con­­­fe­­deração Nacional dos Mu­­nicípios, Paulo Ziulkoski, luta desde abril para que o prazo seja prorrogado. "Não há recursos e nem técnicos em todos os municípios para colocar um fim nos lixões e instalar em todos as cidades a coleta seletiva e a compostagem", afirma.

Ele ressalta que os governos municipais contaram com pouco auxílio da União. Por meio do Ministério das Cidades, foram feitos 91 contratos de elaboração de planos no valor de R$ 67,7 milhões. Outros oito planos foram financiados com R$ 12 milhões. Portanto, 161 municípios foram atendidos pela pasta. Entre 2011 e 2013, o Ministério do Meio Ambiente recebeu 577 propostas, mas apenas 96 se transformaram em contratos e oito estão em execução. Esses contratos somam R$ 6,1 milhões aplicados.

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