Existem cinco tipos mais comuns de hepatite:
Hepatite A: os sinais surgem em média 30 dias após o contato com o vírus. A transmissão geralmente se dá por meio de água e alimentos contaminados. A doença não é crônica. A disseminação está relacionada a condições de saneamento básico. Há vacina para prevenção.
Hepatite B: os sinais surgem em média 70 dias após o contato com o vírus. A transmissão se dá por meio de relações sexuais e por contato com sangue contaminado. A doença se torna crônica (mais de seis meses) em 10% dos casos. Há vacina para prevenção.
Hepatite C: geralmente não tem sintomas. A transmissão se dá por meio de sangue contaminado. Se torna crônica em até 89% dos casos. Não há vacina para prevenção.
Hepatite D: ocorre em conjunto com a hepatite B. Os sinais aparecem em média 35 dias após o contato com o vírus. Pode se tornar crônica. A prevenção pode ser feita evitando a hepatite B.
Hepatite E: os sinais surgem em média 40 dias após o contato com o vírus. A transmissão é pelo modo fecal-oral. Não é crônica. Não há vacina para prevenção.
Considerada uma das doenças com maior crescimento em mortalidade no país, a hepatite C ainda é pouco entendida pela população. Estima-se que 97% dos portadores da doença ainda não saibam que carregam o vírus. Isso porque, na imensa maioria dos casos, não há sintoma algum. Desde o momento da infecção até que surjam os primeiros sinais, pode haver um intervalo de até 20 anos.
Atualmente a doença afeta cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 3 milhões delas apenas no Brasil. No Paraná, a estimativa é de que 0,7% da população esteja infectada. Embora acredite-se que casos de novas transmissões sejam menos freqüentes hoje em dia, já que há um controle mais rígido nas transfusões de sangue, a prevalência tende a aumentar uma vez que infecções ocorridas há mais de uma década podem estar sendo identificadas somente agora. No Paraná, cerca de 350 pacientes estão recebendo tratamento pela rede pública. Somente no ano passado, foram notificados 20 novos casos.
Para a coordenadora estadual do programa de hepatites virais da Secretaria de Estado da Saúde, Márcia Gil Aldenuci, a maior parte da população não tem um conhecimento mínimo sobre os vários tipos de hepatites virais, suas formas de transmissão, estratégias de prevenção e controle. A médica gastroenterologista e chefe da seção de Hepatologia do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal (UFPR) do Paraná, Dominique Muzzillo, compartilha da mesma opinião. Para ela, mesmo quem tem acesso à informação subestima a gravidade da doença e não toma cuidados preventivos para evitar a contaminação. Segundo a médica, as pessoas mais suscetíveis são os usuários de drogas que compartilham instrumentos como seringas, canudos e cachimbos. "Essas pessoas, por mais que falem que tomam cuidado, depois que estão drogadas perdem o controle", afirma.
No entanto, Dominique alerta que a contaminação pelo vírus da hepatite C pode ser dar em situações muito mais banais, como em um salão de beleza, na cadeira do dentista ou na colocação de um piercing ou tatuagem, quando há contato com sangue contaminado. "É muito importante que não se compartilhe objetos de uso pessoal. Ao fazer as unhas, por exemplo, cada cliente deve levar seus próprios instrumentos e nem mesmo mãe e filha devem usar juntas", exemplifica. No caso das tatuagens, a médica chama atenção também para a tinta. Segundo ela, além da necessidade de se trocar a agulha, o tatuador não deve reaproveitar a tinta de um cliente para o outro. Dominique ressalta que, embora esses profissionais tenham um papel-chave na disseminação da doença, as ações de capacitação e esclarecimento ainda são quase inexistentes. "Isso se torna ainda mais difícil nos casos em que o trabalho é feito na informalidade."
Por não apresentar sintomas, a hepatite C, na maioria das vezes, só pode ser detectada por um exame de sangue. A recomendação é de que pessoas que estiveram expostas a situações de risco, inclusive aquelas que tomaram injeções em seringas de vidro no passado, façam o exame para detectar a doença. De acordo com a médica Luciana Lara, do Programa Nacional de Hepatites Virais, em 40% dos casos não se sabe como a pessoa foi contaminada.
A falta de indícios de contaminação faz com que muitos pacientes convivam com a doença durante décadas sem suspeitar da presença do vírus. No entanto, a falta de diagnóstico pode levar a complicações. De acordo com o médico hepatologista da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Raimundo Paraná, a hepatite C se torna crônica em até 80% dos casos, sendo que, desses, 20% evoluem para cirrose.
Transfusão
O corretor Cid Carvalho, 73 anos, só descobriu que tinha hepatite C quando o fígado já estava comprometido. Carvalho acredita que tenha se contaminado após passar por uma cirurgia cardíaca em 1992. Na ocasião ele precisou ser submetido a uma transfusão sanguínea. A descoberta da doença, no entanto, só veio uma década mais tarde. Quando um médico o alertou sobre o risco de contaminação e recomendou a realização de um exame. O diagnóstico, entretanto, foi só o começo do sofrimento. Depois de constatada a doença, Carvalho ainda levou três anos para conseguir iniciar o tratamento pela rede pública. "Foi muito angustiante saber que eu tinha uma doença grave e não podia começar a me tratar", lembra.
O tratamento da hepatite C é feito com um medicamento chamado Interferon Peguilado, que tem um custo bastante alto. Cada dose, que deve ser aplicada uma vez por semana e leva 180mcg do medicamento, custa cerca de R$ 500. Para se ter uma idéia, 1g da molécula custaria o equivalente a mais de R$ 2 milhões. O tratamento dura em média um ano. Durante esse tempo, o paciente ainda precisa conviver com os inúmeros e incômodos efeitos colaterais. "É como se o paciente estivesse gripado por um ano todo. Ele pode sentir náuseas, febre e falta de apetite", exemplifica Luciana. Carvalho chegou a abandonar o trabalho porque não conseguia sair de casa. "Em 11 meses perdi 16 quilos", conta.
Co-infecção
A co-infecção ainda é um problema que preocupa os médicos. Muitos paciente portadores de hepatite C são também contaminados pelo vírus da hepatite B ou pelo HIV, da aids. Atualmente existem cerca de 200 milhões de pessoas com hepatite C no mundo e outros 40 milhões de portadores do HIV. Desses dois grupos, aproximadamente 10 milhões são co-infectados.
De acordo com a médica gastroenterologista e chefe da seção de Hepatologia do HC, Dominique Muzzillo, a co-infecção prejudica a resposta do paciente aos tratamentos. Um paciente com hepatite C, por exemplo, só pode tomar a medicação para combater a hepatite quando estiver com o sistema imunológico equilibrado, o que é difícil no caso de haver a contaminação por HIV conjuntamente.
A repórter participou do II Seminário sobre Hepatites Virais para comunidadores realizado pelo Ministério da Saúde de 28 a 30 de maio em Brasília.
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