Quase 60% dos curitibanos (58,68%) gostariam de doar seus órgãos, mas só 32,23% adotaram medidas concretas para garantir que esse desejo seja cumprido, registrando a intenção em cartório ou comunicando a família. É o que revela levantamento da Paraná Pesquisas, feito com 605 moradores de Curitiba (todos maiores de 16 anos) sobre a questão.
A decisão categórica de não doar órgãos foi manifestada por 26,94% dos entrevistados, enquanto 6,78% consideram essa possibilidade e 7,60% ainda não decidiriam. Entre os que já optaram por não serem doadores, os principais argumentos são medo de comércio de órgãos, citado por 13,22% dos ouvidos, e temor de erro médico (3,97%). Motivo religioso foi apontado por apenas 1,48%, enquanto 2,31% declararam que não fariam a doação por não julgarem necessário.
Quando a doação envolve um familiar com morte encefálica decretada, a disposição em autorizar a doação é pouco menor, embora ainda seja manifestada por mais da metade dos entrevistados (53,39%), enquanto 11,40% disseram que pensariam sobre o assunto. Já 31,74% disseram que não permitiriam a doação.
O estresse pela perda de um parente, a falta de conhecimento sobre o que é morte encefálica e a dúvida sobre o desejo do doador são os fatores que fazem com que a família não permita a doação de órgãos. Essa foi a constatação do enfermeiro Valdir Moreira Cinque, 28 anos, quando desenvolveu a sua tese de mestrado pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP).
A tese, defendida em fevereiro, foi feita com base em entrevistas de 16 famílias, em processo de doação, junto a Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas (HC) de São Paulo. Dentre as dificuldades da tomada da decisão, lembra Cinque que atua há quatro anos no setor de captação de órgãos do Hospital de Clínicas de São Paulo , a liberação do corpo é o momento mais estressante. A angústia da espera deixa a família ansiosa. Receber a notícia de forma inadequada é outro fator preponderante. "É preciso aumentar os esclarecimentos quanto a morte encefálica e a identificação de possíveis doadores", diz o pesquisador.
Resistência
O pastor luterano Odair Braun foi capelão do Hospital Evangélico durante nove anos. Desde fevereiro, é o gerente de atendimento ao cliente da instituição. Formado em Teologia, ele é o responsável por dar aporte filosófico, junto com a equipe da capelania, para a família dos pacientes que morrem. Ele conta que cada família tem suas dúvidas.
A notícia da morte encefálica é dada pelo médico, mas o questionamento sobre a doação fica a cargo de Barun. "Em nove anos, percebi que as famílias tinham poucas perguntas aos médicos. Mas, para o capelão eram frequentes", diz. A maioria das dúvidas, conta, diz respeito a aspectos religiosos. "O nosso papel não é convencer a família. É dar apoio e esclarecimentos", avisa.
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