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Caso Rachel

Mais cautela na rua e na escola

Há exatamente um ano, Rachel Genofre era vista pela última vez com vida, na saída da escola. Depois de um dia desaparecida, seu corpo foi encontrado com marcas de abuso sexual na Rodoferroviária de Curitiba. O crime que chocou Curitiba ainda está longe de ter uma solução – até o momento não há pistas concretas de quem cometeu o assassinato. De concreto mesmo, apenas o que existe é uma população mais receosa. Na rua em que a menina morava, crianças não brincam mais sozinhas. No colégio em que ela estudava, pais passaram a levar e buscar pessoalmente os filhos.

Na Rua Augusto de Mari, na Vila Guaíra, onde Rachel morava, era comum encontrar crianças brincando na frente das casas. Hoje, não se vê mais uma única criança. A mudança aconteceu depois da morte de Rachel, segundo os moradores da região. "Não tem como esquecer o que aconteceu. Ela morava ali, na esquina de casa. Eu a via andando de bicicleta. Antes as crianças brincavam na rua, hoje não tem mais nada. Eu não tenho coragem de deixar meu neto lá fora", diz a dona de casa Odila Uber, 57 anos. "No tempo dela (Rachel), sempre tinha criança na rua, agora não tem mais", conta o policial André Luís Remes, 24 anos.

Na escola em que Rachel estudava também houve mudanças. De acordo com o diretor do Instituto de Educação, Frederico de Mello, por orientação de psicólogos evita-se falar no caso Rachel dentro da escola, para evitar traumas ainda maiores nas crianças. Por outro lado, mesmo sem tocar no assunto, os pais estão mais conscientes. "Vários pais passaram a levar seus filhos até o colégio", conta. "Eu sempre busquei. Nunca deixei meu filho sozinho, mas percebi vários pais que passaram a fazer isso depois da morte da Rachel", conta a enfermeira e pedagoga Deonice Terezinha Maciel, 42 anos.

Sem medo

Mesmo assim, crianças de 11, 10 e 9 anos continuam a ir e vir de casa para o colégio e do colégio para casa desacompanhadas. "Às vezes é necessidade, mas em outros casos é comodidade mesmo", critica a encarregada Cristiane Cruz, 35 anos, uma das mães que faz questão de acompanhar os filhos na entrada e saída da escola.

Na última semana, a reportagem da Gazeta do Povo acompanhou a saída do Instituto de Educação e constatou que, além de irem embora sozinhas, essas crianças não têm receio em engatar conversas com "pessoas estranhas", apesar das recomendações dos pais. "Nunca aconteceu nada. Não tenho medo. Eu vou e volto sozinho desde os 9 anos com o ônibus Santa Cândida-Capão Raso", conta Vinícius (nome fictício), 11 anos. "Eu moro em Colombo e vou embora sozinho desde os 11 anos. Pego o ônibus no Terminal Guadalupe", afirma Leonardo (nome fictício), 12 anos.

Desde a morte de Rachel, a Patrulha Escolar diz ter intensificado ainda mais o trabalho de patrulhamento que já vinha sendo feito no entorno dos colégios. "Mas nós não temos condições de estar presentes em todas as escolas, em todos os momentos", adverte a 2.ª tenente Marí­lia Sil­va, responsável pela Comuni­cação Social da Patrulha Escolar. De acordo com ela, palestras sobre segurança pessoal foram intensificadas para que os alunos tomassem mais cuidado no caminho de ida e volta para casa.

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