Trânsito na Avenida Marechal Deodoro, no Centro de Curitiba| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Motorizados

Em 45% dos lares urbanos, há registro de automóveis e, no ambiente rural, esse número cai para 28%. Na área rural, porém, há um índice maior de motocicletas – quase o dobro do observado nas áreas urbanas, superando inclusive a posse do carro.

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou ontem que mais da metade das residências brasileiras têm carro ou moto na garagem. O levantamento, feito a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostra que a marca simbólica foi superada entre 2008 e 2012, quando a porcentagem de lares com veículo próprio passou de 46% para 54%. Essa expansão foi puxada principalmente pelos mais pobres. Entre as famílias com renda entre um quarto e dois salários mínimos, o crescimento foi de 10 pontos porcentuais, em média. Na faixa acima de cinco salários, de três pontos.

INFOGRÁFICO: Tempo de deslocamento casa-trabalho supera 30 minutos

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Outro fator de crescimento, também atrelado aos hábitos de consumo das classes baixas, é a presença de motocicletas. Quanto mais baixa é a faixa de renda, maior é alternativa em duas rodas. Uma a cada quatro famílias que vivem com um quarto de salário mínimo tem moto; nas que ganham acima de cinco salários, apenas 1%. Esse fator coloca estados como Rondônia (quase 50% possuem moto) e Mato Grosso (39% de motocas) entre os mais motorizados do Brasil. O Paraná é o quarto colocado, com 68% de lares com veículo.

Os números refletem a política governamental de incentivo ao consumo, que tem na indústria automobilística um de seus principais focos. E para chegar ao trabalho e ganhar o dinheiro para pagar o financiamento, os brasileiros têm gastado alguns minutos adicionais no trânsito. De acordo com a mesma pesquisa, o tempo médio de deslocamento subiu de 28 para 30 minutos entre 1992 e 2012. Nas áreas metropolitanas, o tempo médio no tráfego passou de 36 para 40 minutos. O curitibano passa 32 minutos ao volante, ante os 47 minutos do carioca e os 46 do paulistano.

Erro de gestão

Para além da evidente correlação entre os dois fenômenos, o professor de Administração da Universidade Federal do Paraná Ramiro Gonçalez aponta um erro de gestão pública na proporção entre o estímulo à compra de veículos e os investimentos em infraestrutura de transporte. "Se deixar à livre escolha, o cidadão vai preferir o carro próprio em qualquer cidade do mundo. À medida que o país amadurece, porém, começa a ser mais barato e rápido pegar transporte público, como ocorre hoje em Londres ou Nova York".

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