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Mais da metade das reclamações de usuários são por demora nas UPAs

UPA da Fazendinha:  uma mulher morreu à espera de atendimento e homem ‘surtou’ com a demora na unidade. | Antônio More/Gazeta do Povo
UPA da Fazendinha: uma mulher morreu à espera de atendimento e homem ‘surtou’ com a demora na unidade. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A maioria das reclamações envolvendo as nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba, feitas pela ouvidoria do município, questionam a demora para o atendimento. Em julho deste ano, das 285 reclamações registradas, 160 se referiam à demora para a consulta. Em muitos casos, a espera pode ultrapassar quatro horas, o dobro do tempo máximo estabelecido, em resolução, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A longa espera nas UPAs da capital não é novidade, mas ganhou atenção com dois episódios em 2015. No fim de junho, Maria da Luz das Chagas dos Santos, de 38 anos, morreu em frente da unidade do bairro Fazendinha. Ela aguardou mais de quatro horas, mas não foi sequer avaliada por um médico: morreu, vítima de um aneurisma, na frente do local.

Menos de um mês depois, a mesma UPA voltou a ter problemas. Cansado de esperar pela consulta médica do filho, um homem quebrou os dois computadores que estavam sobre a mesa da recepção da unidade. Em nota, naquele dia, a prefeitura informou que a equipe médica estava completa, mas que “infelizmente o número de casos considerados urgentes impediu que a paciente fosse atendida com mais rapidez.”

Sobre o caso, uma funcionária da UPA do Fazendinha, que não quis se identificar, contou que a equipe já tinha conversado com o homem algumas vezes antes do “surto”, explicando que o atendimento não obedecia à ordem de chegada. “É aquela coisa: demora o atendimento médico e acaba sobrando pra gente, porque a recepção é a porta de entrada da UPA”, disse.

A reportagem da Gazeta do Povo visitou a UPA e, naquele dia, a equipe de plantão informou que apenas dois médicos realizavam consultas no turno, em duas das cinco salas disponíveis para o serviço no prédio. A reclamação de pacientes era de que o tempo até a entrada no consultório passava de três horas.

Desde maio de 2011, a rede de saúde de Curitiba utiliza um sistema único para determinar o atendimento de seus pacientes. O Protocolo de Manchester classifica por cores o conjunto de sintomas apresentados, sendo vermelho o de prioridade elevada, e azul e branco, os que podem aguardar mais.

Vermelho e azul também são as cores utilizadas para definir o número de médicos de cada unidade, a depender da frequência dos casos de urgência. No eixo vermelho, com mais casos de urgência, são previstos de três a cinco médicos por UPA. No eixo azul, ficam de dois a quatro médicos.

Foi por uma análise supostamente “equivocada”, com base neste protocolo, que um enfermeiro da UPA do Fazendinha responderá judicialmente pela morte de Maria da Luz. Ainda assim, a Secretaria Municipal de Saúde acredita que o caso não tem nada a ver com o protocolo e que o método, usado em vários países, é confiável.

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