Mais de 32 mil homens assinaram a campanha Homens Unidos pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que se encerra neste sábado (6). No Brasil, a campanha é uma realização da Rede de Homens pela Eqüidade de Gênero (Rheg) e do Instituto Papai.

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Hoje é o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres e a campanha, associada à campanha mundial "United to End Violence Against Women", lançada em fevereiro deste ano, mobilizou líderanças nacionais pelo fim da violência contra as mulheres.

A idéia da campanha e do decreto que instituiu 6 de dezembro como o dia de mobilização dos homens pelo fim da violência contra a mulher surgiu no movimento social em defesa dos direitos humanos, na discussão sobre as questões de gênero.

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"E, quando falamos de gênero, estamos falando de desigualdade dentro de uma perspectiva de base machista, que não afeta só as mulheres, mas também os próprios homens", observou o coordenador da Rheg e do Instituto Papai, Benedito Medrado.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo mundo, quase metade das mulheres assassinadas são vítimas do marido ou namorado, atual ou ex.

Em alguns países, até 69% das mulheres relatam terem sido agredidas fisicamente e 47% declaram que sua primeira relação sexual foi forçada. Em Pernambuco, somente este ano, 223 mulheres foram assassinadas. "Os autores da violência contra homens são os homens e os autores da violência contra mulheres são os homens. Nosso objetivo é demonstrar que ser homem não é ser violento por natureza. Os homens aprendem essa postura", explicou.

Para Medrado, essa violência associada à postura machista, é construída pelos costumes. "Culturalmente, há um afastamento dos homens do cuidar dos outros. Quando alguém nasce ou adoece em uma família é a mulher que vai cuidar, nunca o homem. Queremos mostrar que o homem pode assumir um outro lugar nessa questão e pode dizer não ao machismo", exemplificou.

Para a mudança de pensamento, na opinião Medrado, várias frentes precisam ser trabalhadas e a Lei Maria da Penha, que não permite penas alternativas para agressores de mulheres, tem um papel fundamental.

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"A educação é uma das frentes, mas não é a única. Outra forma é a adoção de medidas mais duras, punitivas da violência contra mulher. Nesse caso, consideramos a Lei Maria da Penha uma conquista. Procuramos demonstrar para os outros homens que a lei [Maria da Penha] não é contra o homem, ela é contra a violência contra a mulher e se eu sou homem e tenho essa postura, ela não pode ser contra mim."

Medrado destaca que a lei deve ser instrumento para mudar a realidade de violência doméstica. "Precisamos trabalhar na perspectiva das instituições e a Lei Maria da Penha é uma instituição importante para que possamos mudar a realidade da violência doméstica, que acontece no ambiente familiar, entre pessoas que possuem uma relação afetiva. A Lei Maria da Penha é um ponto importante para mudarmos o pensamento de que em briga de marido e mulher não se mete a colher", ponderou.

Para Medrado, o impacto da Lei Maria da Penha não pode ser traduzido somente pelo número de pessoas presas. "O impacto dessa lei é simbólico e talvez ela só cause efeito na sociedade nas próximas gerações porque nossos filhos e netos nascerão em um país no qual a violência contra mulher é um crime específico."