Médicos estrangeiros que trabalham no país com diplomas revalidados tendem a se concentrar nos mesmos grandes centros que os colegas brasileiros: 42,2% estão no Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais).

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Essa foi uma das razões apontadas pelo governo federal para dispensar do exame de revalidação (Revalida) os estrangeiros selecionados no "Programa Mais Médicos" e determinar os locais onde eles vão atuar.

Historicamente, o Brasil sempre atraiu poucos médicos estrangeiros. Na publicação "Demografia Médica no Brasil" mostra que eles não chegam a 2% do total de 388.015 médicos com registros ativos no país.

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Isso ainda contando com os brasileiros que se formam no exterior (64,8% do total de 7.284 que têm diplomas estrangeiros). A maioria se formou na América Latina, sendo a Bolívia o país com maior presença (880 médicos, ou 12% do total de estrangeiros). Só 3,1% vieram de Cuba.

Cerca de 80% desses médicos não têm título em nenhuma especialidade.

Revalida

O estudo também mostra que, depois da implantação do exame nacional Revalida, em 2010, pelo governo federal, caiu ainda mais a vinda de estrangeiros.

Em 2012, só houve 121 registros, o menor número desde 2000, início do levantamento. O pico tinha sido em 2004, com 830 registros.

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Antes do Revalida, a única opção para regularizar o diploma era em universidades públicas brasileiras.

Mas o processo era demorado e cada instituição tinha suas regras, sem critérios transparentes de certificação.

O Revalida é aplicado pelo Inep (Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em parceria com o MEC, o Ministério da Saúde e o Ministério de Relações Exteriores.

Exterior

Para Gustavo Gusso, professor de clínica geral da USP, a importação de médicos é a forma mais efetiva, a curto prazo, de preencher vagas abertas no interior do país. "É a única solução."

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Segundo ele, é praxe os países desenvolvidos reservarem vagas para médicos estrangeiros e há grande disputa por elas.

"No Canadá, 10% das vagas de residência são para os estrangeiros. Nos EUA, são as vagas que sobram. Muitas são em medicina de família, que os americanos não querem."

Nesses países, segundo ele, as provas seletivas são classificatórias, não eliminatórias como acontece hoje com o Revalida. "É um modelo interessante que o país deveria estudar."

E também há regulação para que as vagas não fiquem concentradas nos grandes centros. "Não é só para estrangeiros que as vagas são longínquas. Ninguém trabalha onde quer. É o governo que aponta aonde as novas devem ser abertas. Aqui os médicos não estão acostumados que governo regule."

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