"Governo está preocupado com protestos", diz Carvalho
O ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, disse nesta segunda-feira, 17, que o governo em geral e a presidente Dilma Rousseff estão "preocupados" com as manifestações, mas pediu que "ninguém se precipite a tirar proveito político de um lado ou de outro, para que não se tire conclusões apressadas".
Congresso fica às escuras para evitar invasão
Por ordem da Polícia Legislativa, as luzes internas do Congresso Nacional foram desligadas e jornalistas e servidores trabalham às escuras. Segundo informações de funcionários da Câmara, o objetivo é dificultar a ação dos manifestantes, que já quebraram o vidro de uma das janelas da sala da primeira vice-presidência e podem invadir o interior do prédio.
Uma comissão de três senadores se reuniu com lideranças do movimento, mas não houve avanços nessa conversa. Na entrada do Congresso, não há efetivo de segurança suficiente para conter o grupo, se houver decisão de invadir o prédio. Apenas policiais legislativos estão presentes e tentam fazer uma barreira humana na porta do prédio.
Mais de 7 mil pessoas protestam na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional, que teve a cúpula invadida na noite desta segunda-feira (17). Da marquise do Parlamento (as cúpulas côncava e convexa do Senado e da Câmara) os manifestantes gritaram palavras de ordem e entoaram o hino nacional. A Polícia Militar do Distrito Federal entrou em confronto com o grupo, embora não tenham conseguido conter o avanço até as imediações do prédio do Poder Legislativo.
Veja imagens do protesto no Congresso Nacional.
Assim como em outras capitais, a pauta da manifestação é ampla e difusa. Eles dizem ser contrários à Proposta de Emenda à Constituição, a chamada PEC 37, que retira poderes de investigação do Ministério Público, queixaram-se da corrupção e dos gastos públicos com os grandes eventos no País, como as Copas do Mundo e das Confederações. Eles também demonstraram ser solidários aos protestos que tomaram o País desde a semana passada contra o aumento da passagem do transporte publico coletivo, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
"Fora Renan" e "fora Feliciano" foram palavras de ordem ouvidas durante o protesto, em referência ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), e do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Tampouco faltaram gritos contra a presidente Dilma Rousseff e contra o governador do Distrito Federal, Agnello Queiroz (PT).
Duas pessoas foram presas quando chegaram a cerca de 50 metros da entrada do Congresso, atrás do espelho d'água que fica na parte final do amplo gramado. A maior parte dos policiais que fizeram a segurança estavam sem identificação. Durante a confusão, um vidro da sala da vice-presidência da Câmara foi quebrado.
Três senadores - Eduardo Suplicy (PT-SP), Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS) - tentaram em vão conversar com supostos líderes do movimento para saber qual seria a pauta de reivindicação dos manifestantes. Contudo, eles foram vaiados pelo grupo, não sendo possível qualquer diálogo. "Não tem o que negociar. Não há pauta ligada ao Senado diretamente", disse o primeiro vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
O presidente interino do Congresso, deputado André Vargas (PT-PR), ligou no inicio da noite para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, a fim de pedir reforço na segurança do prédio do Congresso. Mas, segundo o parlamentar, o governador disse-lhe que era preciso monitorar os acontecimentos na região antes de tomar a decisão de aumentar o efetivo no local. Por recomendação da Polícia Legislativa, todas as luzes do interior do prédio foram desligadas para dificultar a invasão ao prédio.
O protesto surgiu a partir de eventos nas redes sociais e foi programado para coincidir com os de outras cidades do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro. Eles partiram do Museu Nacional e seguiram de forma pacífica até o gramado em frente ao Parlamento. Lá, a Polícia Militar do Distrito Federal fez um cordão de isolamento. No final da tarde, um grupo de manifestantes tentou acessar a rampa principal do Congresso, mas foi repelido pelos policiais, que usaram spray de pimenta. Mais tarde, houve confronto da PM com os manifestantes no espelho d'água em frente ao Congresso, quando foi realizada a primeira prisão.
Um dos organizadores do evento, o vestibulando Wellington Fontenelle, chegou a afirmar que o protesto não tinha a intenção de invadir a Câmara dos Deputados e o Senado e que as tentativas de acessar o prédio tinham sido promovidas por uma minoria que buscava o confronto. Mas a situação saiu de controle.
Manifestantes rompem o cerco
No início da manifestação, o prédio havia sido cercado pelos policiais, mas os manifestantes romperam o cerco e foram invadindo a área isolada através do espelho d'água. Neste momento, os policiais já não têm mais controle sobre os manifestantes.
O grupo da "Marcha do Vinagre" partiu do Museu Nacional de Brasília e rumou pela Esplanada dos Ministérios, interrompendo as seis faixas de trânsito da face sul do Eixo Monumental (que liga a Rodoviária à Praça dos Três Poderes). O policiamento já foi reforçado no local, impedindo o acesso dos manifestantes ao Congresso. O clima é tenso e dois homens foram detidos pelas forças de segurança. A Policia Militar estima que o protesto reúne cerca de 5 mil pessoas.
O ato em Brasília contou com mobilização por meio de redes sociais, pela internet. O protesto é contra a brutalidade de policiais nas manifestações, dinheiro gasto na construção de estádio Mané Garrincha, de mais de R$ 1,5 bilhão, e também em solidariedade aos protestos pela redução da passagem de ônibus em outras cidades do Brasil, como São Paulo. A face norte do Eixo Monumental, também com seis pistas, está com trânsito livre. Manifestantes tomam praticamente todo o gramado em frente ao Congresso.
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