"Temos muito mais em comum do que diferenças". A frase do coordenador do programa "Português brasileiro para migração Humanitária" da UFPR, João Arthur Grahl, resume bem o sentimento que levou 105 haitianos a aceitarem o convite para visitar o Museu Oscar Niemeyer, na tarde deste sábado (15/11), em Curitiba. Para o haitiano Junior Richemon, 29, que mora há oito meses em Curitiba, o museu é 'fantástico'. "Nunca tinha visto tantas obras juntas em um espaço tão organizado", disse Richemon, que mora há oito meses em Curitiba cidade que, segundo ele, foi escolhida a dedo. "Passei quatro meses em São Paulo. Mas meu objetivo era vir para Curitiba e me especializar. Aqui, temos mais organização e espaço para os estudos", argumentou Richemon, bacharel em direito e funcionário de uma empresa que vende equipamentos segurança na cidade.
A lamentar, diz o haitiano, apenas a falta do registro em carteira. "Estou há quatro meses na empresa. Elogiam muito o meu trabalho, mas não me contratam formalmente", afirma, sem saber ao certo o motivo da informalidade. Os demais funcionários, segundo Richemon, têm registro em carteira. A maioria é brasileira.
Assim como Richemon, Carina Limage, 25, também visitou o MON na tarde deste sábado. Em comum, o pouco tempo na cidade e o fato de já ter um emprego. Ela é cozinheira em uma restaurante. "Fritadeira", especifica a jovem. Ainda não teve a oportunidade de cozinhar as iguarias haitianas para os brasileiros. Mas garante que nos adoraríamos. "Gosto das duas comidas da mesma forma. Na minha casa, ainda cozinho o que comíamos lá [no Haiti]".
Carina estava acompanha de um amigo, que preferiu não se identificar, mas elogiou a obra de Sebastião Salgado, cuja obra Genesis está exposta no MON. "São fotografias lindas". Até esta oportunidade, nenhum dos três haitianos tinha entrado no Museu Oscar Niemeyer. Realidade que deve se aplicar a todos os demais os 102 que passaram pelo local na tarde de ontem.
Com a memória fresca sobre os recentes episódios de racismo vivenciados em Curitiba, o biólogo Cereste Augustin, 40, elogia o comportamento da maioria dos brasileiros que vive na cidade. Mas faz uma ressalva. "Ainda tem preconceito com a cor [da pele]. E isso tem de acabar", dizia enquanto observada uma foto de Salgado. Apesar da formação superior, Augustin trabalha atualmente como pedreiro.
Integração
Para Luis Allan Kunzle, também coordenador do programa do curso de Letras da UFPR, inserir os haitianos no cotidiano cultural da cidade é a melhor forma de mostrar aos brasileiros que os imigrantes fazem parte da nossa sociedade. "Esse, agora, espaço também é deles", reafirma.
Bruna Rauno, que fecha a trinca de coordenadores do programa que foi criado para ensinar português aos haitianos, também vê como positiva essa inserção dos imigrantes na vida cultural curitibana. "A ideia é sair dos muros da universidade. Inseri-los na cidade".
No próximo sábado (22), o grupo fará uma festa para divulgar a cultura haitiana a partir das 16 h, na Praça de Bolso do Ciclista, na Rua São Francisco. A programação conta com exposição de fotos do Haiti e um debate com a presença da presidente da Associação dos Haitianos em Curitiba, Laurette Bernadin. Às 19 horas, haverá apresentação da banda de haitianos Recif, que toca ritmos típicos do país caribenho. Os organizadores também venderão a sopa joumou, característica da cozinha haitiana.
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