Levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas mostrou que 69% dos paranaenses desaprovam o movimento de ocupação das escolas estaduais. Deste universo, outros 28,3% dos entrevistados se manifestaram a favor do movimento realizado há mais de um mês pelos estudantes secundaristas, enquanto 2,7% não souberam ou não responderam à questão.
A pesquisa ouviu mais de 1,4 mil pessoas em todo o Paraná e foi encomendada pela Gazeta do Povo.
Na opinião da estudante Maythé, que integra o movimento Desocupa Paraná, o número de paranaenses contrários às ocupações reflete os prejuízos que o movimento tem causado aos estudantes, como o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“O movimento é injusto com a sociedade. Tudo o que eles estão fazendo agora terá consequências, pois o ensino já está defasado pela greve do ano passado e [fez] um mês que estamos sem aula”, avalia.
A pesquisa revelou ainda, que, quanto mais jovens os entrevistados, mais favoráveis às ocupações eles são. De acordo com o levantamento, 45% dos ouvidos de 16 a 24 anos aprovam o movimento, contra 17,7% das pessoas que têm mais de 60 anos.
“Esse dado reforça a posição de quem passa o dia a dia na escola, que vê a dificuldade que é estar nela, o abandono por parte do governo e sente mais que o movimento foi preciso e necessário. Os mais jovens também acreditam mais nas mudanças do que os mais velhos, que estão acostumados com o descaso do governo e, por isso, dizem que não adianta fazermos nada”, avalia Higor, que coordena a Comunicação do Ocupa Paraná.
Pauta
Mesmo contrários às ocupações, 62,2% dos entrevistados consideram válidas as reivindicações dos estudantes. Outros 21,6% disseram não conhecer ou ouvir falar sobre os motivos que levaram os alunos a ocuparem as escolas.
Os secundaristas protestam contra a reforma do ensino médio e a PEC 241, que limita os gastos do governo federal. As pautas receberam o apoio de 51,2% e 64,7% dos ouvidos pelo levantamento, que também se manifestam contrários às respectivas propostas do governo federal.
“O número mostra que, ao mesmo tempo em que é favorável à causa, a população não apoia a forma como [a manifestação] está sendo feita”, resume o diretor do Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo. 84,2% dos entrevistados acredita que os estudantes deveriam adotar outras formas de se manifestar.
Para Higor, este número reflete a avaliação que o próprio movimento faz das ocupações. “É difícil para os estudantes manterem a ocupação, mas ela foi o nosso último recurso. Nós sempre fizemos manifestações, mas elas não tiveram a mesma repercussão que as ocupações”, justifica.
Movimento político
Outro ponto destacado pela pesquisa é a crença de 66,1% dos paranaenses de que o movimento realizado pelos estudantes tem motivações políticas ou conta com o apoio de partidos políticos. Outros 29,4% dos entrevistados acreditam na versão defendida pelos estudantes de que as ocupações são apartidárias.
“O uso de cores que fazem menção a partidos políticos e de cartazes com expressões [contra os governantes estadual e federal] passa a ideia de que o movimento é político”, explica Hidalgo.
A estudante Maythé concorda e diz acreditar que os estudantes que participam das ocupações são movidos por sindicatos e partidos políticos e usados como “massa de manobra”.
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre os dias 1 e 3 de novembro, em 68 municípios do Paraná. Foram entrevistados 1.418 habitantes maiores de 16 anos. O grau de confiança é de 95,5% e a margem de erro é de 2,5%.
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