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Quando o assunto é saúde pública, destinar mais dinheiro para o setor nem sempre significa melhorar a qualidade do atendimento prestado. Os investimentos feitos em Londrina, Maringá, Curitiba e Foz do Iguaçu foram analisados em uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Denominado de “Avaliação econômica dos gastos com saúde pública nos principais municípios paranaenses”, o estudo apontou como se comportam os gastos em saúde nas cidades com atendimento de alta complexidade. A pesquisa também rendeu ao economista Marcelo Ortega Massambani o segundo lugar no Prêmio Brasil de Economia, promovido pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), na categoria dissertação de mestrado.

Uma das conclusões é de que a localidade que mais destinou recursos para a área teve índices de qualidade com baixo crescimento ou estáveis, na comparação com as demais. De 2006 a 2010, o gasto per capita em saúde no município passou de R$ 455 para R$ 571. Em Maringá o investimento passou de R$ 435 para R$ 535. Já em Curitiba, o montante saltou de R$ 430 para R$ 481 por pessoa e em Foz do Iguaçu, de R$ 385 para R$ 438.

O levantamento teve como contexto a implementação da legislação do “Pacto pela Saúde”, conjunto de reformas institucionais do Sistema Único de Saúde (SUS), em 2006, que abrange o “Pacto de Gestão”, “Pacto pela Vida” e “Pacto em Defesa do SUS”. “Através de uma análise de 2001 a 2011, foi observado como os gastos per capita na área foram ampliados após o pacto. Foi algo positivo, que surtiu efeitos e obrigou os municípios a distribuírem um percentual maior de recursos para saúde”, comenta Massambani.

Parâmetros

Em Londrina, no entanto, o acréscimo nos gastos com a saúde não implicou em menos mortalidade infantil ou mais internamentos. Estes dois fatores, conforme o economista, aparecem como os principais indicadores do estudo para avaliar a qualidade da saúde ofertada na rede pública.

De 2002 até 2010, por exemplo, a mortalidade infantil caiu 10,89% em Londrina, uma taxa aquém da alcançada pelos demais municípios pesquisados. Em Foz do Iguaçu, a redução foi de 38,52%, em Curitiba, 34,1%, e em Maringá, 31,72%. No Paraná, a queda foi de 39,29%, enquanto no país, de 58%. “Quando se investe mais, imagina-se que o índice de mortalidade vai cair. Londrina teve o maior aumento de gastos no período, mas a menor redução na taxa”, diz o especialista.

Massambani aponta que quando o assunto são internamentos, não é diferente. “O aumento nos gastos deveria fazer com que tivéssemos mais internamentos, porque, em geral, eles acabam gerando mais gastos. Mas Londrina, neste quesito, ficou aquém das demais cidades”, explica.

Com consultas da Atenção Básica à Saúde também ocorreu o mesmo. Para o economista, os resultados mostram o quanto a principal cidade da região Norte do estado ainda precisa melhorar em termos de administração pública. “Ao criarmos um indicador, esperávamos que as cidades seguissem uma tendência. A palavra-chave para mudar isso é gestão. Uma boa administração pode potencializar estes gastos”, define.

Frase

“Ao criarmos um indicador, esperávamos que as cidades seguissem uma tendência. A palavra-chave para mudar isso é gestão. Uma boa administração pode potencializar estes gastos”

Marcelo Ortega Massambani, economista.

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