Polícia combate as causas do crime, afirma Sesp
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) admitiu que o número de homicídios no estado é elevado e afirmou que polícia faz um combate constante às principais causas da criminalidade. O principal fator apontado para os altos índices de homicídio é o tráfico de drogas. Segundo a Sesp, o tráfico seria responsável por 95% dos assassinatos em Curitiba e região metropolitana. Para combater o problema, de acordo com a assessoria da secretaria, foram criadas a Força Samurai e a Força Alfa, da Polícia Militar, e os núcleos de repressão ao tráfico de drogas da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc).
A Secretaria lembrou que há uma queda constante no número de crimes contra o patrimônio no estado e citou a redução da criminalidade em áreas consideradas violentas como Foz do Iguaçu, que em 2009 teve o menor índice de homicídios dos últimos seis anos.
A nota ressaltou ainda que os dados referentes ao número de homicídios "refletem a realidade da criminalidade no estado, sem manipulações".
Adriano Ribeiro
O crescimento no número de homicídios não é um problema enfrentado apenas por Curitiba, região metropolitana e litoral do Paraná. Os dados relativos ao período entre janeiro e junho deste ano mostram que o índice cresceu em 14 das 22 áreas integradas do estado (veja ao lado). A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divide o Paraná em 22 regiões para contabilizar o número de homicídios. No primeiro semestre deste ano foram registradas 1.795 ocorrências, número 20,4% maior do que o contabilizado no mesmo período do ano passado. A média é de dez pessoas assassinadas por dia no estado.
As áreas de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e Laranjeiras do Sul, no Centro-Sul do estado, foram as que registraram o maior crescimento. Nessas regiões, a quantidade de homicídios mais do que dobrou quando se compara o primeiro semestre de 2010 ao mesmo período do ano passado. A área de Laranjeiras do Sul engloba dez municípios e teve o maior aumento do estado, de 154%. Foram 28 homicídios no primeiro semestre de 2010, contra 11 no primeiro semestre de 2009. O número já supera o registrado em todo o ano passado, quando foram registrados 20 casos.
Segundo o delegado Hélder Andrade Lauria, da 2.ª Subdivisão Policial de Laranjeiras do Sul, álcool e ciúmes estão por trás das maioria das ocorrências. "Aqui a droga não é tão difundida. Temos muitos municípios pequenos nessa área e boa parte dos crimes acontece por causa de brigas motivadas por relações amorosas ou causadas por pessoas que estão alcoolizadas", diz.
Já na região de Ponta Grossa, que é composta por 19 cidades, com uma população total de aproximadamente 730 mil pessoas, o crescimento no número de assassinatos foi de 124% nos seis primeiros meses deste ano. Foram 74 mortes em 2010 contra 33 no semestre inicial de 2009. O delegado adjunto João Manoel Garcia Alonso, da 13.ª Subdivisão da Polícia Civil, diz que o tráfico de drogas está ligado à maioria dos casos. "Mais de 80% desses casos estão apurados e geralmente as vítimas são mortas a tiros em razão de algum desentendimento entres os traficantes", afirma.
Para o sociólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Lindomar Bonetti, a violência está ligada ao desenvolvimento econômico e social das cidades. "Essa dinâmica de movimento e desenvolvimento traz algumas consequências ruins, como o crescimento do conflito de interesses e a violência", analisa. Na análise da socióloga Ana Luisa Sallas, falta controle por parte do Estado. "O narcotráfico está estabelecido e as drogas se difundiram para diversas regiões. É um problema de segurança e saúde pública em que há certo descontrole. Qualquer problema acaba resolvido por meio do crime, da violência", opina.
Queda
Contra a tendência de aumento de violência, sete áreas do estado registraram um número menor de assassinatos entre janeiro e junho deste ano (veja no infográfico). "Fazemos um mapeamento dos principais problemas, deslocamos um bom efetivo e concentramos os trabalhos na resolução das questões mais complexas", conta a delegada titular da Subdivisão de Guarapuava, Maritza Haisi. Para o delegado de Jacarezinho, Rogério Antônio Lopes, as conversas com a população fazem a diferença. "Existem células nos bairros que interagem com os órgãos de segurança. Levantamos as informações e montamos operações para inibir os criminosos."
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