Cronologia
Confira a linha do tempo da iluminação pública de Curitiba:
1854 Início da implantação da iluminação pública da cidade com a instalação de 20 lampiões em frente do Palácio da Província.
1874 São instalados cem lampiões a querosene na Província (Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava e Litoral), então com 80 mil habitantes.
1886 Criação do Passeio Público e substituição dos lampiões de querosene por lâmpadas elétricas.
Anos 1950 Praticamente toda a periferia de Curitiba ainda não tem iluminação. A cidade tem 180 mil habitantes.
1970 O novo Plano Diretor, criado em 1966, começa a ser seguido. Dois anos depois é implantado o Calçadão da Rua XV. Curitiba tem 600 mil habitantes e uma frota de 50 mil veículos.
1975 A iluminação das vias centrais se diferencia do resto da cidade, usando lâmpadas de sódio de 400 W (cor amarela). O vapor de mercúrio, de luz branca, é adotado no resto de Curitiba.
1984 Tem início a iluminação de prédios históricos, no Centro.
1987 A Copel transfere ao município o controle da iluminação pública da capital.
1997 As lâmpadas de mercúrio são substituídas por vapor de sódio, visando a eficiência energética. Medida é tomada em várias outras cidades do Brasil.
2009/2010 Tem início o processo para a criação de um Plano Diretor de Iluminação Pública de Curitiba, com a licitação para a escolha de uma empresa que fará o trabalho segundo diretrizes da prefeitura. A cidade está com mais de 1,8 milhão de moradores e uma frota de mais de 1 milhão de veículos.
Fontes: Prefeitura de Curitiba e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da cidade (Ippuc).
Energia solar e LED ainda são inviáveis
Depois de alguns testes com postes à base de energia solar e lâmpadas de LED (sigla para diodo emissor de luz), a prefeitura de Curitba avaliou as últimas tecnologias em iluminação como inviáveis economicamente para levar luz às ruas e outros espaços urbanos.
O diretor de Iluminação Pública, Ivan Martins, diz que a partir dos testes com as quatro luminárias instaladas em frente ao Salão de Atos do Parque Barigui os modelos com captação de energia solar mostraram-se boas opções para novas áreas verdes e construções em locais que a infraestrutura de iluminação não existe. "Para áreas onde já existe a rede de iluminação pública próxima, no entanto, o investimento não compensa". Outras duas luminárias desse tipo devem ser instaladas no Parque Tingui nos próximos dias para continuar os testes.
Quanto à tecnologia das lâmpadas, as de vapor metálico, que existem há mais de 30 anos, ainda têm se mostrado a melhor opção para aumentar a luminosidade com praticamente os mesmos gastos das de sódio em áreas de grande fluxo de pessoas. A última palavra em eficiência e economia de energia, os LEDs, ainda não é viável. "Para projetos específicos, como praças e iluminação decorativa de prédios, eles são aplicáveis, mas para a iluminação de vias em geral ainda são muitos caros para o benefício que oferecem. Acredito que em cinco anos isso possa mudar."
No dia 27 de maio, a prefeitura de Curitiba abre licitação para a escolha da empresa que ficará responsável por criar o Plano Diretor de Iluminação Pública com validade para os próximos 20 anos. O edital com as diretrizes da concorrência foi publicado na semana passada no site do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Na mesma semana, a prefeitura do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do estado, começou o projeto Luz e Limpeza nas favelas pacificadas, como a Cidade de Deus, onde já foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O projeto também será implantado em alguns bairros nobres da capital fluminense, como Ipanema uma retomada após um apagão de um ano em investimentos na iluminação da cidade. "O projeto acompanha o movimento da experiência bem-sucedida da segurança pública na cidade do Rio de Janeiro com a implantação das UPPs", afirma o secretário municipal de Conservação e Recursos Públicos da capital fluminense, Carlos Roberto Osorio. "Levaremos, em pacotes, os serviços de que as comunidades que antes viviam à margem da cidade formal precisam. Os serviços chegavam de forma precária por causa da violência e da dificuldade de acesso", diz. A favela da zona oeste da cidade, que foi a primeira a ter uma UPP implantada, receberá um investimento de R$ 1,9 milhão, com novos pontos de iluminação e lâmpadas 40% mais eficientes que as atuais, atendendo a um pedido antigo da comunidade. "A Cidade de Deus está em paz, mas o restante está péssimo. Nossas ruas estão muito escuras, algumas vezes iluminadas só pelo comércio, temos esgoto a céu aberto e um posto de saúde que está pronto, mas ainda não foi inaugurado", descreve o presidente da Associação de Moradores União Comunitária Cidade de Deus (Amunicom), José Neves. O morro da Babilônia e o Chapéu Mangueira, no Leme, também na zona sul do Rio, serão as próximas comunidades a ter a iluminação revitalizada.
Retomada
O projeto Luz e Limpeza faz parte de toda uma retomada no planejamento da iluminação pública do Rio de Janeiro feita a partir de muita polêmica e do início de uma nova fonte de recursos: a cobrança da taxa de iluminação pública na conta de luz dos cariocas a partir deste mês de maio. Em novembro de 2008, o Tribunal de Contas do município constatou a falta de investimentos da Companhia Municipal de Energia e Iluminação do Rio de Janeiro (Rioluz) em iluminação e pediu para que esse quadro fosse revertido. Em 2009 não houve nenhum investimento e, em 2010, o projeto Luz e Limpeza foi lançado com apoio na contribuição da população. "O Rio era uma das poucas capitais sem a contribuição da população nesse sentido. Com a cobrança é esperado um aporte da ordem de R$ 120 milhões por ano destinados à manutenção e novos investimentos em iluminação pública", diz Osorio. A cobrança acontece de acordo com faixas de consumo, vai de R$ 2 a R$ 90 preço mais elevado que o limite curitibano de contribuição, que é de R$ 40. Por aqui, o pagamento da taxa pública de iluminação é regulamentado pelo Decreto Municipal 63/2007. Aquelas famílias que consomem menos de 100 kWh estão isentas. Todo mês, arrecada-se uma média de R$ 3,9 milhões R$ 1,7 milhão apenas para cobrir os gastos com energia elétrica dos 135 mil pontos de luz da cidade.
Espelho
Com a revitalização e a retomada do planejamento da iluminação pública, a Rioluz está em busca de um modelo que funcione bem em outras cidades do país. Um deles é o de Curitiba. Na última terça-feira, o chefe de gabinete da companhia veio para conhecer o sistema da capital paranaense.
Em Curitiba não há qualquer plano conjunto com a Secretaria de Estado de Segurança Pública para iluminar as áreas mais perigosas da cidade, mas a estratégia tem sido focar as áreas de maior aglomeração de pessoas para melhorar a sensação de segurança diretriz que continuará no plano diretor. "Chegamos a essa estratégia por experiência própria e conversa com diretores de iluminação de outras cidades. Concentramos o trabalho em grandes vias, praças e prédios públicos, como escolas, unidades de saúde e estações de ônibus", explica o diretor do Departamento de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), Ivan Martins. Recentemente, o calçadão da Rua XV de Novembro teve as lâmpadas de sódio substituídas por outras de vapor metálico, que têm um índice de reprodução de cores melhor e, portanto, ajudam a melhorar a identificação das imagens captadas pelas câmeras da Guarda Municipal. O Largo da Ordem também passou por uma revitalização, mas com um olhar um pouco diferente. "Optamos por lâmpadas de tom amarelado, que dão aquele ar de nostalgia, importante para estimular o turismo noturno no Centro Histórico da cidade". A próxima área a ter a iluminação modernizada será a praça da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no início da Rua Ubaldino do Amaral, no Alto da Glória.
Para a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo e pesquisadora do programa de pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Letícia Peret Antunes Hardt, uma iluminação bem planejada cria mais sensação de segurança e ajuda, efetivamente, no combate ao criminoso oportunista. "Ao planejar bem a iluminação de rua ou praça, acaba-se com as regiões de penumbra que favorecem a ação de bandidos."
Estigma
Para o professor do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná, Pedro Bodê, não só a iluminação pública bem planejada, mas o atendimento completo à população, com todos os serviços, é que tem impacto na diminuição da violência urbana. Ações que enfatizam determinadas áreas da cidade não resolveriam a questão da segurança e ainda poderiam reforçar um estigma de região violenta. Para ele, é isso o que ocorre no Rio de Janeiro com o projeto Luz e Limpeza. "Por que essas ações, esses serviços básicos, têm de chegar sempre acompanhados da polícia? Ações assim servem apenas para criar impacto midiático e reforçar a associação dessas comunidades com a criminalidade."Economia de R$ 150 mil/mês
Desde 2006, de acordo com o Departamento de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), foram trocadas 50 mil luminárias em toda a capital paranaense. "No fim dos anos 1990, as lâmpadas de vapor de mercúrio já tinham sido trocadas pelas de vapor de sódio, visando uma maior eficiência energética. Mas, em 2005, fizemos um diagnóstico da iluminação da cidade e percebemos que tínhamos de trocar as luminárias em si, com poste e reatores antigos, por novas", explica o diretor do departamento, Ivan Martins. As luminárias antigas tinham 35% de rendimento luminotécnico de toda a energia produzida, apenas 35% era revertido em luz, efetivamente. "As novas luminárias têm rendimento de 85% a 90%, com estrutura de alumínio polido e capa de policarbonato que protege a lâmpada, resistindo até a tiros de revólver de calibre 22". Das 4 mil solicitações recebidas mensalmente pela Central 156, uma boa parte é por motivo de consertos de ações de vandalismo de cada 10 reclamações, 4 são por esse motivo.
Com a troca dessas luminárias e outras ações, a prefeitura de Curitiba tem economizado R$ 150 mil por mês em energia.
Até 2008, a Copel atendeu 148 municípios paranaenses na troca de lâmpadas de mercúrio por outras de sódio, mais eficientes e econômicas, com recursos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse trabalho foi suspenso porque a Eletrobrás tinha uma iniciativa igual por meio do programa Reluz. Para pedir recursos para modernizar a iluminação por esse programa, as prefeituras têm de apresentar um projeto para a Copel, que avaliará o pedido, recebendo os recursos e fiscalizando sua aplicação para a Eletrobrás.
Foi o que fez a prefeitura de Ponta Grossa neste ano. Com o projeto aprovado e os recursos liberados, a cidade dos Campos Gerais já trocou 25% das lâmpadas de mercúrio por modelos de sódio. "A estimativa é fazer a troca dos 35 mil postes de luz da cidade em 60 a 90 dias, gerando uma economia de cerca de 30% em energia. Em bairros onde a troca já foi feita, como Jardim Paraíso e São Francisco, é visível a diferença", diz Calixto Ajuz, diretor-presidente da Agência de Fomento Econômico de Ponta Grossa (Afepon), responsável pela fiscalização do trabalho. Segundo a Eletrobrás, R$ 474.620.304,36 já foram investidos na troca de lâmpadas de mercúrio por sódio em vários municípios brasileiros por meio do Reluz.
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