Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa amanhã o segundo mandato empenhado no desafio de fazer o país crescer de forma sustentada e duradoura, o que não conseguiu nos primeiros quatro anos de gestão. O governo tem a fórmula para alcançar esse objetivo, mas ainda não sabe como implementá-la. O pacote de medidas que pretende anunciar na segunda quinzena de janeiro tem como foco resolver os problemas da infra-estrutura, com investimentos mais fortes nas áreas de transportes e energia, mas existem divergências internas sobre a condução das políticas fiscal e monetária, de forma a adequá-las ao objetivo de crescimento sustentado.
"Para viabilizar o crescimento sustentado, temos de eliminar os principais gargalos da infra-estrutura. Precisamos contar com um bom sistema de transportes e mais oferta de energia para que a economia não tenha restrição de oferta", resume o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nélson Barbosa, coordenador do programa econômico do presidente Lula.
Já está praticamente certo que o governo aumentará os gastos com o Projeto Piloto de Investimentos (PPI) para até 0,5% do PIB, aplicando R$ 11,3 bilhões do Orçamento em obras de infra-estrutura de transportes, infra-estrutura hídrica e saneamento. Parte dessas despesas será descontada da meta de superávit primário, e os recursos para a área de energia sairão do Orçamento das estatais e de outras fontes.
O programa de desenvolvimento em gestação no governo será pilotado pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que tem posições muito pessoais sobre os rumos da política fiscal e monetária, que não se encaixam nas linhas da chamada Era Palocci, mantida pelo Banco Central. Dilma considera, por exemplo, que um dos fatores que impedem novos investimentos no país é a ausência de uma política de juros de longo prazo, que estaria inibindo a participação da iniciativa privada na formação de capital bruto.
Fiel ao estilo de ouvir todos os lados e decidir sozinho as principais questões de seu governo, Lula formou uma espécie de conselho econômico informal para se inteirar de outras receitas que possam levar ao crescimento sustentado. Ele reuniu quatro economistas de sua confiança, mas de correntes econômicas diversas: o ministro da Fazenda, Guido Mantega; o senador Aloízio Mercadante (PT-SP); o deputado Delfim Netto (PMDB-SP); e Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp).
Depois de quatro horas de conversa, Lula concluiu que: 1) há espaço para flexibilizar a política monetária, acelerando a queda dos juros; 2) é necessário um esforço maior na redução das despesas de custeio; 3) é preciso criar novos instrumentos de financiamento para estimular a iniciativa privada; 4) e é preciso aumentar substancialmente o investimento público.
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