"Adiantados"
Fenômeno inédito: aviões chegam antes do horário previsto
Agência Estado
O aumento do tempo previsto de voo em 94 das 100 rotas mais movimentadas do Brasil, além de diminuir a taxa de atraso, produziu um fenômeno inédito: voos que chegam no destino antes do horário previsto. Em 2000, essa possibilidade era praticamente inexistente: apenas 855 voos nacionais entre os principais aeroportos brasileiros chegaram adiantados. Em 2012, foram 22,7 mil. Em pontos porcentuais, a quantidade de voos adiantados passou de 0,1% em 2000 para 2,7% no ano passado.
"Eu costumo ir para o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, visitar minha família. Colocam no cartão de embarque que vai demorar 1h15, mas a duração do voo não passa de 55 minutos", afirma a decoradora Paloma Salun, de 30 anos. "Acho que a ideia é que, se houver atraso, ele não fique aparente."
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a infraestrutura aeroportuária inadequada pode tornar os voos mais demorados e dificultar o planejamento dos horários de partidas e chegadas dos voos, ocasionando antecipações ou atrasos. A própria agência identificou aumento nos casos de fechamento das portas da aeronave com antecedência em relação à partida prevista, quando todos os passageiros já estão embarcados.
Infraero
A Infraero não comentou se o aumento do tempo de voo está relacionado à falta de infraestrutura. Segundo a empresa, obras, reformas e ampliações estão sendo feitas em 32 dos 63 aeroportos administrados por ela. O objetivo é que os terminais estejam aptos para atender à demanda.
Otimização
Fontes do setor também dizem que a política das empresas de otimização de recursos pode encurtar a rota em horários menos movimentados. "Os pilotos estão focados em economia de combustível, então o que ele puder fazer para encurtar a navegação, ele faz", diz um piloto que não quis se identificado.
"Antes as distâncias eram maiores porque o espaço se mede pelo tempo." No Brasil, a frase do escritor argentino Jorge Luís Borges tem de ser lida com sinal trocado: as distâncias brasileiras aumentaram, em vez de diminuir. Em regra, leva-se mais tempo para voar de um aeroporto a outro em 2013 do que se levava antes do apagão aéreo de 2007. No papel, porém, os atrasos nunca foram tão raros. Neste ano, só 8% dos voos atrasaram. É a menor taxa de atraso do século.
Qual é a mágica? Aumentaram os tempos previstos de voo. Isso aconteceu em 94 das cem rotas mais movimentadas. A distância aérea entre São Paulo e Rio continua sendo de 385 km, mas cariocas e paulistanos nunca estiveram tão longe.
Em 2000, demorava-se, em média, 51 minutos para ir de Congonhas ao Santos Dumont. O avião atrasava 4 minutos para deixar o terminal e levava mais 47 até abrir as portas no Rio. Hoje, a viagem demora 64 minutos: o atraso médio ainda é de 4 minutos, mas o tempo gasto pelo passageiro dentro da aeronave é, em média, de 60 minutos.
Os dados foram compilados com base nos mais de 13 milhões de registros de voos catalogados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde janeiro de 2000 até setembro de 2013. As companhias dizem que fizeram sua parte: estão colocando o passageiro dentro do avião em tempo recorde graças, em boa parte, à transferência para o cliente do trabalho de fazer o check-in nos terminais de autoatendimento.
O problema começa quando o passageiro entra no avião. É aí que começa a contar o chamado tempo de voo, que é informado pelas próprias companhias. Esse intervalo vai do momento em que as portas do avião são fechadas no aeroporto de origem, passa pelo tempo no ar e só termina depois que a aeronave estacionou no destino e reabriu as portas.
A Aeronáutica, responsável pelo controle do tráfego aéreo, afirma que o tempo médio de uma aeronave no ar não teve alterações desde 2000. Ou seja: só pode ter crescido o tempo do avião em solo.
"Fecham a porta do avião no horário certo, mas você fica sentado esperando. É como se dissessem você que reclame com o tráfego", diz o conselheiro de empresas Joaquim de Castro, de 69 anos, que costuma viajar duas vezes por semana com a arquiteta Carol Ludolf, de 39 anos. "Tenho notado que uma maior espera dentro do avião tem acontecido com muito mais frequência", concorda Carol.
Infraestrutura
As próprias companhias admitem que esse problema justificou o aumento do tempo de voo. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas, o taxiamento em Congonhas durava em média 10 minutos em 2005. Hoje, já é de 18.
Segundo as empresas aéreas, a infraestrutura aeroportuária não acompanhou o aumento do número de voos domésticos, que passou de 611 mil em 2003 para 1,126 milhão em 2012.
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