Um tiro que partiu de dentro do apartamento em Santo André, no ABC, onde um rapaz de 22 anos mantém duas meninas reféns foi ouvido por volta das 15h30 desta terça-feira (14). O jovem impede que as adolescentes deixem o local desde a tarde de segunda-feira (13).
Por volta das 9h30, já havia sido ouvido um disparo que partiu do apartamento, mas ninguém foi atingido. Ainda não há informações sobre eventuais feridos nesse segundo disparo.
De acordo com policiais da Força Tática que acompanham o caso desde o início, o rapaz fez pelo menos quatro disparos, tirando o ouvido por volta das 15h30, desde que tomou as jovens como reféns. Segundo a Polícia Militar, a razão que levou o rapaz de 22 anos a invadir o apartamento foi o fim do namoro com uma das meninas.
Além das duas meninas, outros dois adolescentes também foram feitos reféns logo após o rapaz invadir o apartamento. Os dois jovens foram soltos à noite - um por volta das 20h e outro pouco depois das 21h - sem ferimentos, pouco depois de a PM iniciar as negociações.
Ciumento
A promotora de eventos Suellen Dafne Padiar, de 18 anos, descreveu o jovem como uma pessoa "possessiva e ciumenta". Segundo ela, o motivo da briga, ocorrida há um mês e meio, foi ciúmes.
"Ela [a refém] adicionou um amigo da escola no Orkut e ele ficou com ciúmes", contou. Suellen afirmou que o jovem quis terminar o relacionamento, como sempre fazia depois das discussões. "Ele sempre terminava, brigava por nada", disse.
A promotora conviveu com a família da vítima durante três meses, tempo que namorou o irmão mais velho da refém que mantinha um relacionamento com o jovem. "Era um casal normal, a gente saía junto." Por ter iniciado o namoro quando tinha 12 anos, a família da menina a princípio foi contra, mas acabou aceitando o rapaz, segundo a promotora.
No quarto
Com a voz tranqüila, apesar do susto pelo qual passou, o jovem de 15 anos que também foi feito refém disse na tarde desta terça-feira (14) que o rapaz chegou nervoso ao apartamento. "Ele mandou todo mundo para o quarto e quebrou o modem da internet", disse.
O adolescente, um amigo e duas jovens, entre elas a ex-namorada do sequestrador, foram dominados. Segundo ele, o motivo do seqüestro foi ciúme. "Ele disse que ela ferrou com a vida dele, porque ele terminou, mas ela não quis voltar. Disse que ficou um mês atrás dela e que se não ficasse com ele, não iria ficar com mais ninguém", contou o jovem, que foi liberado na noite de segunda.
O amigo dele saiu uma hora depois. Os quatro estavam juntos para fazer um trabalho de escola no apartamento da ex-namorada do rapaz, em um conjunto habitacional na periferia de Santo André. O adolescente relatou que foi agredido com uma coronhada "sem motivo" e que o jovem bateu na ex-namorada também. "Ele deu uns cinco ou seis tapas nela. Tinha vezes que puxava o cabelo dela", disse.
Com dor de barriga, outro colega do primeiro ano do ensino médio, de 15 anos, não foi à casa da amiga, mas soube do seqüestro porque esteve lá noite com o pai do outro amigo. O homem estava preocupado com o sumiço do filho.
O jovem descreveu o rapaz como uma pessoa arrogante. "Ele era arrogante com ela (ex-namorada). Ela falava que era ciumento e possessivo", contou. Há duas semanas, ele teria sido ameaçado pelo então ex-namorado da amiga. "Ele me encontrou na rua e disse que se eu continuasse a vê-la ia me matar", relatou o jovem, negando ter qualquer relacionamento amoroso com a amiga de turma. O advogado Eduardo Lopes, chamado pela família do rapaz, disse que teve um único contato com ele, por volta das 6h, e que os policiais do Gate estão orientando para que o rapaz se entregue. "Estamos posicionando para ele que nada de ruim vai acontecer", afirmou Lopes. Segundo o advogado, existe "um certo avanço" nas negociações. Ele frisou que o rapaz não tem antecedentes criminais e trabalha.
Amiga sozinha
Uma das jovens poderia ter sido libertada na noite de segunda, mas não quis deixar a amiga sozinha com o rapaz, segundo contou seu pai, o metalúrgico Luciano Vieira, de 37 anos. Ele disse que sua filha preferiu ficar na casa para proteger a amiga, ex-namorada do rapaz que agora mantém as duas reféns.
"Ela não quis sair porque ele [o seqüestrador] disse que ia matar a amiga dela", contou o pai, que foi o último a falar com o rapaz por telefone e contou ter ficado preocupado. "Ele está bem nervoso, não pede nada e isso é ruim", afirmou o pai.
Vieira soube do seqüestro às 4h30 desta terça e foi para o local direto do trabalho, em São Caetano, também no ABC. As garotas e o rapaz estão no apartamento onde vive uma das meninas, no terceiro andar de um prédio de um conjunto habitacional no bairro Jardim Santo André. O rapaz também mora no mesmo conjunto. A área é cercada por outros blocos do conjunto e por favelas.
Uma multidão acompanha o andamento do seqüestro, que começou por volta de 13h30 de segunda. Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais da PM (Gate) estão em alguns pontos do prédio para tentar uma negociação, mas a informação da polícia é que o homem não quer negociar e só se comunica pelo celular. Quando falou com a avó de uma das jovens, ele pediu "para recarregar o celular".
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