Em 1970, Curitiba tinha 67% da população da região metropolitana. Já em 2007, esse número caiu para 50%. De acordo com a economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) Marley Deschamps, esse dado mostra como a capital paranaense vem alargando suas periferias e irradiando funções para os municípios limítrofes. "É como se fosse uma grande cidade, só que administrativamente tem limites e gestões diferenciadas. E não existe uma gestão integrada entre esses municípios", esclarece.O reflexo disso se dá claramente nas regiões de mananciais. Piraquara, por exemplo, de onde se capta 50% da água que abastece Curitiba, tem praticamente 100% de seu território considerado área de proteção ambiental. Por isso mesmo o município não pode instalar grandes indústrias e, com isso, gerar maiores receitas. "Temos um orçamento baixíssimo para gastar com nossos cidadãos. Enquanto as outras cidades da RMC gastam acima de R$ 1 mil por habitante/ano, nós gastamos em torno de R$ 700 reais por habitante/ano", revela Gilmar Clavisso, secretário de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo de Piraquara. O ICMS ecológico oriundo do uso dos mananciais, representa, segundo o secretário, apenas 10% do orçamento total, que é de R$ 65 milhões.
Para piorar, a população da cidade vem aumentando, inclusive com ocupações ao longo dos últimos 20 anos em áreas de manancial. Como no bairro Guarituba, onde hoje vivem cerca de 50 mil pessoas. Clavisso conta que graças a recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a área vem recebendo melhorias. Ainda assim, são insuficientes. Por isso o secretário, diz que é preciso rever as políticas de compensação entre os municípios, além dos valores da tarifa de água, considerados por ele ainda muito baixos.
Na opinião de Marley Deschamps, uma solução seria fomentar o desenvolvimento dos municípios, valorizando o capital social e a produção local. "Essas estratégias têm de ser melhor dimensionadas e precisamos de especialistas para debater, discutir e ver as potencialidades regionais, alavancando assim algum processo de desenvolvimento", finaliza.