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Beatriz Genaro e o Newster 10: aparelho processa resíduo hospitalar | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Beatriz Genaro e o Newster 10: aparelho processa resíduo hospitalar| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Equipamento

Material é esterilizado no hospital

Disponível desde o ano passado no Brasil, um equipamento italiano de esterilização de resíduos de saúde promete facilitar e agilizar o tratamento do lixo hospitalar dentro dos próprios estabelecimentos. O aparelho, chamado de Newster 10, foi instalado para testes e demonstrações no Hospital Instituto de Medicina e Cirurgia do Paraná, em Curitiba.

Durante o tratamento na máquina, os resíduos são esterilizados e transformados fisicamente – há uma redução aproximada de 70% do volume e 30% do peso do lixo, que vira uma espécie de massa granular. Podem ser colocados no aparelho substâncias e produtos como seringas, agulhas, sondas, tecidos, filmes plásticos, resíduos cirúrgicos e de materiais orgânicos. Todo o processo dura de 25 a 30 minutos.

O Newster 10 já é utilizado em mais de 20 países. No Brasil, ele está sendo importado pela distribuidora Traadex, de Curitiba. Segundo a diretora da empresa, Beatriz Genaro, as vendas começaram em março, após quatro anos de estudos e adequações junto a órgãos ambientais e de saúde para que o aparelho pudesse ser reconhecido como uma alternativa para o gerenciamento do lixo hospitalar. "É uma tecnologia avançada, que resolve o problema dentro do próprio hospital, sem necessidade de armazenamento dos resíduos e sem riscos de contaminação ao meio ambiente", afirma Beatriz.

A administração do hospital informa que a eficácia do equipamento já foi comprovada. No entanto, ainda avalia a viabilidade da aquisição do aparelho.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto do ano passado, prevê que a partir de 2014 mais nenhum lixo, inclusive o hospitalar, poderá ser despejado a céu aberto no país. Apesar de considerada um avanço, a nova política não necessariamente deve garantir o tratamento e a destinação correta dos resíduos de saúde, opinam especialistas. Isso porque desde 2004 uma resolução da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) já proíbe o descarte desse tipo de material em lixões.Para o coordenador de resíduos especiais da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Odair Luiz Segantini, a garantia do manejo adequado do lixo hospitalar passa principalmente pelo reforço na fiscalização, aliado a uma legislação mais objetiva e fácil de ser observada na prática. "A Anvisa cria normas, mas jamais fiscaliza os procedimentos, deixando isso a cargo dos municípios. É um disparate. As vigilâncias sanitárias municipais e estaduais não têm condições de fazer a fiscalização de grandes hospitais e de todos os serviços de saúde", opina Segantini.

Conforme a legislação, a fiscalização do gerenciamento dos resíduos dentro das unidades de saúde é de responsabilidade das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Já a destinação final do lixo deve ser observada pelos órgãos ambientais. O acompanhamento de todo o processo, porém, é feito principalmente com base nos planos de gerenciamento e relatórios apresentados anualmente pelas unidades de saúde, e não in loco.

Mesmo assim, o chefe do Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Paulo Costa Santana, defende que casos de destinação ou tratamento inadequado do lixo hospitalar são raros no estado. "Já observamos essa situação no projeto arquitetônico da unidade de saúde. Não a deixamos funcionar se não tiver um abrigo especial para resíduos, por exemplo", afirma.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema) do Paraná, mas o órgão informou que somente as secretarias municipais poderiam falar a respeito. A reportagem também entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Serviço:

Denúncias à Vigilância Sanitária podem ser feitas pelo telefone 0800-644-4414, da Ouvidoria Estadual, ou pessoalmente nas ouvidorias municipais.

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