A manhã desta quarta-feira (22) começou tumultuada nos terminais de ônibus de Curitiba, mas o aumento gradativo da frota em circulação foi, aos poucos, amenizando o transtorno na rotina dos passageiros. Depois de o sindicato dos motoristas e cobradores, o Sindimoc, anunciar a suspensão da paralisação por 24 horas, mais ônibus começaram a rodar, o intervalo de espera pelos veículos nos terminais caiu e muita gente comemorou o fato de, pela primeira vez em oito dias, não precisar avisar o chefe sobre chegada atrasada no trabalho.
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O comunicado do Sindimoc sobre a interrupção temporária da greve saiu por volta das 7h15, após assembleia dos trabalhadores nas garagens das empresas. Antes disso, o terminal do Pinheirinho, na região Sul da capital, não sentia melhoras nem mesmo com o que ficou decidido na audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Como a reunião terminou sem acordo na noite desta terça-feira (21), até que houvesse uma decisão final sobre as negociações salariais, a frota circulando nos horários de pico deveria ser de 80%. Se de um lado as coisas ficaram mais fáceis para quem dependia de ônibus biarticulados, que operam com em número maior, de outro, quem dependia dos alimentadores para ir até as estações principais teve um início de manhã agitado.
“Os alimentadores estão, com certeza, sendo o que mais complica. Chegamos aqui no terminal e biarticulado ainda tem com mais frequência. Mas os que levam daqui pra dentro dos bairros aí é feio. Muito cheio, muito lotado e tem que esperar passar dois ou três ônibus pra conseguir entrar”, contou o vigilante noturno Tiago Rodrigues dos Santos, de 27 anos. Às 7h20, ele aguardava o Jardim da Ordem para ir para casa. Normalmente, nesse horário, ele quase já estava no destino final.
Outros passageiros que passaram pelo Pinheirinho ressaltaram o mesmo problema. Houve relatos de muito atraso em linhas como Olaria, Urbano, Pompeia-Janaína, Jardim da Ordem e Umbará. “Antes das 6 horas, não passou nenhum lá perto de casa”, disse o estudante universitário Tiago Cardozo, 27 anos. Ele mora no Campo do Santana e usa a linha Jardim da Ordem.
Antes de a frota começar a aumentar gradativamente, o transporte coletivo também estava mais complicado para quem precisava das linhas Pinheirinho-Carlos Gomes e Pinheirinho-Santa Cândida. A demora era grande e as filas nas plataformas estavam tumultuadas.
O Sindimoc garantiu que os ônibus começaram a sair das garagens às 5 horas. No entanto, até a decisão dos trabalhadores de operar com 100% dos veículos, o que ocorreu em assembleia nesta manhã, apenas a frota mínima estava em circulação.
A Urbs, por sua vez, informou que às 10h30, apenas 64% dos ônibus estavam nas ruas.
Pegos de surpresa
Muitos passageiros receberam com surpresa a notícia da suspensão temporária da greve em Curitiba e Região Metropolitana. Por volta das 8h30, o fluxo de ônibus nos terminais já era bem maior e a situação dos ônibus começou a ficar visivelmente menos complicada: espera e lotações diminuíram. “Eu estava aqui só analisando que hoje tem mais ônibus mesmo. Então é isso. Eles suspenderam. É o que a gente esperava”, avaliou a doméstica Devani da Costa, de 48 anos, que aguardava o ônibus Interbairros V no terminal do Portão.
Contudo, usuários ainda se mostravam impacientes diante do fato de que, até um acordo definitivo, a suspensão seja válida apenas para hoje. “A gente não pode dizer que essa notícia aí de terminar a paralisação é boa porque olha tudo o que sofremos. E ainda por cima fica complicado porque ficamos feitos de bobo nessa história. Param e depois voltam? Acho que o devia ser feito é eles pararem tudo, mas tudo mesmo, por cinco ou seis dias até resolverem isso”, opinou Reginaldo Calisto, de 34 anos, que depende dos ônibus para entregar currículos na região.
Márcia Bento, de 55 anos, também não sabia da decisão do sindicato. “Sabia dos 80%, mas já deu pra notar a diferença porque tem muito mais ônibus rodando. O bom é que agora vai dar pra deixar o carro na garagem”, comentou a trabalhadora do setor de informática.
Decisão temporária
O impasse entre as empresas de transporte e os motoristas e cobradores patina agora em cima do reajuste do valor do vale-alimentação. A audiência realizada nesta terça-feira (21) no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) terminou com uma sugestão da desembargadora Marlene Suguimatsu, já aceita pelos trabalhadores: 6% de reajuste salarial, R$ 400 de abono e R$ 575 de cartão alimentação.
As empresas do setor, contudo, disseram não poder abrir mão de manter o vale em R$ 530. A justificativa fornecida pelo sindicato das empresas, o Setransp, é de que não há como conceder um aumento maior por causa de outros custos que precisam ser mantidos.
A suspensão de 24 horas, segundo o Sindimoc, seria “uma carta de confiança” para que as empresas analisem a proposta feita pela desembargadora. O documento em que o sindicato confirma aceitar a proposta do TRT foi protocolado nesta manhã na prefeitura e no Palácio Iguaçu.
Por enquanto, o Setransp informou que não vai se manifestar sobre os valores, mas disse que trabalha em cima das negociações. A prefeitura ainda não se manifestou sobre a decisão dos trabalhadores.
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