A primeira manifestação do ano contra o reajuste das tarifas de ônibus, Metrô e trens em São Paulo teve confronto entre mascarados e PMs no início da noite desta sexta-feira (9), na região da Rua da Consolação, centro de São Paulo. Um grupo de manifestantes se adiantou à caminhada, ultrapassou o cordão de isolamento formado por policiais militares e tentou atear fogo em sacos de lixo na rua da Consolação. Eles depredaram os vidros de uma agência bancária do Santander. A PM reagiu com a tropa do braço e com bombas de efeito moral. Houve tumulto, correria e alguns mascarados foram detidos.
Cerca de 2 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, participam da manifestação. Vários deles estão mascarados. O grupo, que estava concentrado na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, segue em direção à Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Cerca de 800 PMs, 110 deles da chamada tropa do braço, acompanham o ato. O Movimento Passe Livre (MPL) fala em 10 mil pessoas. Pelo Fecebook, o ato tinha confirmadas as presenças de 49 mil pessoas até o fim desta tarde.
Pelas ruas, antes do confronto, os manifestantes chamaram a população para o protesto aos gritos de "Vem,vem,vem pra rua, vem, contra o aumento".
A Polícia Militar informou que planejou operação policial com 800 agentes "para garantir a livre manifestação de pensamento" sem que houvesse "ruptura da ordem pública, dano ao patrimônio ou outros danos", na noite desta sexta-feira. Parte do grupamento utilizado na manifestação é também conhecido como "tropa de braço", por ser especializado em treinamento de defesa pessoal e artes marciais.
Os PMs foram orientados a impedir a entrada de pessoas na manifestação com máscaras de proteção contra gases e bombas de efeito moral. Também está proibida a entrada de pessoas portando vasilhames com vinagre.
Passe livre
Durante a manhã, o Movimento Passe Livre (MPL) criticou um convite que teria recebido do comando da Polícia Militar, convocando uma "liderança" do grupo para uma "reunião de planejamento" do ato. Criticou também o efetivo destacado pela PM, além da decisão de revistar pessoas que se aproximarem da manifestação.
"Nos perguntamos porque a polícia militar precisa de um efetivo tão grande e de ameaças lançadas de antemão para garantir o direito à livre manifestação", escreveu o MPL, em texto publicado nas redes sociais.
Entidades de defesa dos direitos humanos como Conectas e Artigo 19 assinaram com integrantes do Núcleo Especializado em Direitos Humanos da Defensoria Pública carta endereçada à PM, criticando a decisão de revistar pessoas antes do ato.
"Cercar e revistar pessoas indiscriminadamente é um atentado às liberdades e garantias da Constituição e dos tratados internacionais firmados pelo Brasil. Se permitir que o anúncio se concretize, o governo do Estado abrirá mais um grave capítulo na longa lista de violações cometidas contra manifestantes", escreveu Marcos Fuchs, diretor adjunto da Conectas, em texto divulgado nesta sexta-feira.
A tarifa no transporte coletivo subiu de R$ 3 para R$ 3,50. Na tentativa de amenizar protestos, tanto o prefeito Fernando Haddad (PT) quanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram gratuidade para estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino, respectivamente.