• Carregando...
Sem-terra na Doutor Faivre: bloqueio causou transtornos no trânsito na área central de Curitiba | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Sem-terra na Doutor Faivre: bloqueio causou transtornos no trânsito na área central de Curitiba| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) interromperam ontem o trânsito na Rua Doutor Faivre, entre as avenidas Sete de Setembro e Visconde de Guarapuava, à frente da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Após reunião, parte dos manifestantes resolveu retornar aos locais de origem, mas cerca de 40 integrantes do MST permanecem acampados para prosseguir com as negociações hoje. O trânsito, porém, será liberado.

"Não temos o objetivo de fechar a rua novamente", garante Isabel Grein, da coordenação do MST no Paraná. "Fizemos isso hoje (ontem) pela segurança das pessoas." A manifestação de ontem causou transtornos no trânsito.

O protesto se deve ao corte de 62% nas verbas do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) – a verba nacional diminuiu de R$ 69 milhões no ano passado para R$ 26 milhões – em função de uma decisão do Tribunal de Contas de Mato Grosso, que se tornou nacional. O órgão questiona a forma de transferência das verbas do Incra, por meio de convênios, e exige a abertura de licitação. "Por se tratar de uma questão de ensino, os convênios são feitos com as universidades federais, que têm condições de oferecer os cursos", explica Claudia Sonda, superintendente regional do Incra.

Segundo Claudia, o órgão do Paraná não tem autonomia para solucionar a questão, que será discutida pela direção nacional. A superintendente informa, porém, que nenhuma das turmas ou convênios firmados serão cancelados. "Daqui para frente, os novos cursos vão precisar de verbas de Brasília se não passarem por destaque orçamentário", diz. Por esse motivo, o MST teme dificuldades para abrir novos cursos – três turmas estão previstas para o ano que vem.

Os manifestantes aproveitaram a ocasião para cobrar a liberação de verbas urgentes para novos assentamentos. O MST estima que haja 6 mil famílias à espera de terras no estado. "Queremos desapropriações e não vemos solução no momento, está cada vez mais burocrático", reclama Isabel. De acordo com Claudia Sonda, o encontro realizado ontem foi produtivo para prestar esclarecimentos aos movimentos sociais. "Vislumbramos cerca de 50 áreas onde poderiam ser assentadas até 3 mil famílias", diz. "Algumas estão difíceis e outras em processo final de desapropriação."

Importância

Integrante da Direção Estadual do MST e da coordenador de cursos do movimento, Paulo Roberto Miranda afirma que a verba do Pronera é fundamental para manter os agricultores no campo e evitar a venda de terras provenientes de desapropriações. "Os cursos são ligados a agroecologia", diz. "Queremos garantir a sustentabilidade e a permanência da juventude no campo." Segundo Miranda, 400 mil jovens estiveram envolvidos nos cursos ofertados entre 2003 e 2008.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]