O Movimento Passe Livre de Salvador realizou um ato na manhã de hoje no qual "rebatizou" um monumento que homenageia um dos filhos do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) na capital baiana.
O grupo de aproximadamente 50 pessoas colou um papel com a imagem e o nome do guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969) sobre uma placa de tributo ao deputado Luís Eduardo Magalhães (1955-1998), filho de ACM, que passou a batizar uma série de construções em todo o Estado depois de morto.
Na medida mais polêmica, o aeroporto da capital deixou de ser chamado de Dois de Julho, a data cívica mais importante da Bahia, e herdou o nome de Luís Eduardo Magalhães. Até hoje a mudança é criticada por grupos e políticos de esquerda em Salvador.
A manifestação desta manhã, que fechou a avenida Paralela, responsável por ligar o centro ao aeroporto, pede a redução da tarifa de ônibus de Salvador de R$ 2,80 para R$ 2,50, como era até junho de 2012.Eles também reivindicam "passe livre" aos estudantes, além de uma série de melhorias para o sistema de mobilidade urbana da cidade.
O "rebatismo" do monumento foi um "ato simbólico do ponto de vista político", segundo Valter Takemoto, membro do MPL. "Marighella tem muito mais motivos para estar aqui", diz.
Principal referência da luta armada contra o regime militar no Brasil, Marighella nasceu em Salvador.
Novos atos
Em seguida, os manifestantes caminharam até o CAB (Centro Administrativo da Bahia), onde estão a Governadoria, a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça, entre outros prédios públicos. A ideia é prosseguir com os protestos com pedidos específicos em cada local. O policiamento foi reforçado.
Paralelamente, cerca de 20 integrantes do mesmo grupo continuam "acampados" na Câmara Municipal de Salvador, em outra parte da cidade, à espera de um encontro com o prefeito ACM Neto (DEM), que ontem estava no Rio para um evento com o papa Francisco. A primeira sessão do dia está marcada para as 14h.
"A noite foi tranquila, sem incidentes. Ainda estamos com muita água e vereadores prometeram trazer mais alimentos", disse à Folha por telefone o estudante Matheus Souza, 16, que está na ocupação.Segundo ele, depois dos atos no CAB, o movimento vai se dirigir à Câmara para ajudar a fazer pressão pelo menos do lado de fora.