Duas manifestações de sem-terra causaram transtornos ontem, nas regiões Oeste e Sudoeste do estado. Em Cascavel, cerca de 100 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) invadiram a praça de pedágio da Rodovia das Cataratas, na BR-277. Em Francisco Beltrão, a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi desocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) após 24 horas de protesto.

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Os manifestantes passaram o dia – ficaram das 8 às 16 horas – na praça de pedágio. Eles expulsaram os funcionários das cabines e abriram as cancelas. Alguns motoristas reclamaram que o pedágio continuou a ser cobrado. "Eu tive que colaborar com os sem-terra porque temia represália", disse um vendedor que preferiu o anonimato. "O que houve foi uma coleta espontânea. Quem quisesse ajudar o movimento colaborou", rebateu Jocélia de Oliveira Costa, coordenadora estadual do MLST. A concessionária informou que tomou as providências legais para responsabilizar os manifestantes.

De acordo com Jocélia, a ação fez parte da Jornada Nacional de Lutas, que reivindica a atualização dos índices de produtividade, o fim do suposto processo de criminalização da Reforma Agrária, a revogação da medida provisória que impede vistoria em área invadidas e a aceleração do assentamento das 300 famílias acampadas nas margens da BR-369, entre Cascavel e Corbélia.

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Assentamento

A invasão da sede do Incra em Francisco Beltrão teminou no fim da tarde de ontem após a celebração de um acordo. O prédio estava ocupado desde anteontem por cerca de 100 integrantes do MST, que reivindicavam a regularização do assentamento João de Paulo, em Renascença, também na Região Sudoeste.

Segundo o líder do MST João Maria dos Santos, o acordo estabelece um prazo de duas semanas para os técnicos do Incra iniciarem a demarcação dos lotes e a emissão dos documentos de posse da terra. "Sem essa regularização, as famílias estão sem acesso a linhas de crédito para plantar a safra e promover melhorias nos lotes", explicou.

O chefe do escritório regional do Incra, Carlos Carbone, disse que a demora na regularização do assentamento foi ocasionada por problemas burocráticos, mas prometeu esforço para ajudar os assentados.