| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

O protesto de grupos contra o aumento das tarifas ônibus, trem e metrô em São Paulo começou marcada por tumulto entre a Polícia Militar e os manifestantes no fim da tarde desta sexta-feira (8). A motorista de um carro que ficou preso no ato tentou dar marcha-ré e se desentendeu com parte dos manifestantes, que estavam mascarados e são conhecidos como “black blocs”. A polícia interveio com bombas de gás lacrimogênio e uma confusão começou na região central de São Paulo. Há registro de manifestantes e policiais feridos.

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A manifestação se desfez e grupos de “black blocs”, que no início do ato estavam à frente do ato, correram por ruas do centro da cidade depredando ônibus, orelhões, agências bancárias e viaturas da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

 
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Passageiros de lotações foram obrigados por manifestantes a descer dos veículos em diversas partes da cidade, para que fossem depredados com uso de pedras, pedaços de madeira e extintores de incêndio. Até 20h desta sexta-feira, pelo menos três manifestantes tinham sido presos.

Reajuste

Os movimentos concentraram-se na Praça Ramos de Azevedo, no centro da cidade. Eles saíram em passeata por volta das 18h30 para protestar contra o reajuste, que entra em vigor neste sábado (9). A passagem vai subir de R$ 3,50 para R$ 3,80.

A manifestação foi organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), que também esteve à frente de protestos contra o aumento da tarifa em 2013 e 2014. O grupo disse que não divulgaria o trajeto da passeata previamente. Segundo a PM, o trajeto seria Avenida 23 de Maio, Viaduto Dona Paulina e Praça da Sé.

Um dos militantes do MPL, Vitor dos Santos, de 19 anos, disse que o grupo pretende organizar mais protestos até que o aumento seja barrado. A principal bandeira do movimento é a tarifa livre para todos.

 
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“O fato de pagar caro pela passagem impede a gente de fazer muita coisa. O sistema é feito só para a gente ser transportado para o trabalho e a escola. A cidade não é feita para a gente usufruir dela. Só para produzir nela”, disse Santos.

Além do MPL, estão presentes no ato movimentos como o Juntos, o Sindicato dos Metroviários, a União Paulista dos Estudantes Secundaristas, PSTU e Levante Popular. Entre os manifestantes, há black blocs e alunos da Escola Fernão Dias Paes, que ficou ocupada por 55 dias em um protesto contra um projeto do governo do estado que implicaria no fechamento de 93 escolas.

Um dos movimentos presentes, o Território Livre, distribuiu panfletos em que recomenda que os manifestantes ocupem prédios públicos e terminais d transporte. “As ocupações são a tomada do que é nosso”, diz o texto.

A aglomeração em frente ao Teatro Municipal chamou a atenção por quem passa pelo centro da cidade. Maria Helena de Sousa, 61, é líder comunitária em Artur Alvim, bairro da zona leste. Ela veio à região para pagar contas e aproveitou para apoiar a manifestação.”Apoio totalmente. Quero mostrar para os meus netos que não puderam vir que pode participar”, disse.

A Polícia Militar não divulgou o efetivo deslocado para o Teatro Municipal, mas a Tropa de Choque e ao menos 10 viaturas ocupam toda a calçada na Praça Ramos de Azevedo.

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Protesto no Rio de Janeiro também termina em confusão

Pelo menos um ônibus foi depredado, um ponto de ônibus acabou destruído e uma agência bancária teve os vidros quebrados durante tumulto no centro do Rio de Janeiro, na noite desta sexta Um homem foi detido acusado de atirar pedras contra policiais militares. Não havia registro de pessoas feridas. A confusão começou por volta das 20h20, ao final de um protesto contra o reajuste da tarifa dos ônibus municipais, que subiu de R$ 3,40 para R$ 3,80 no último dia 2.

Segundo os organizadores do ato, cerca de 2.000 manifestantes participaram da manifestação, que começou na Cinelândia e seguiu pacífica até a estação ferroviária Central do Brasil, no centro. Ali, já ao final do ato, pessoas começaram a atirar pedras e rojões contra guardas municipais e policiais militares, que revidaram com bombas de efeito moral e de gás pimenta.

O tumulto se estendeu pela avenida Presidente Vargas e pelas ruas próximas, onde o enfrentamento entre policiais e vândalos continuou. Dois acessos à estação de metrô da Central foram fechados. A interdição de ruas pela Polícia Militar (PM) obrigou os ônibus que têm ponto ao redor da ferrovia a mudar seus trajetos. A situação causou grande transtorno a quem queria embarcar nos ônibus.

A confusão inicial durou cerca de 10 minutos e fez muita gente correr para dentro do saguão da Central do Brasil, que por alguns minutos ficou tomada pelo cheiro de gás pimenta. Devido à confusão, os manifestantes se dispersaram, mas grupos de vândalos mascarados se espalharam pelo centro, causando tumulto e depredações.

Atrás da Central do Brasil, próximo a um terminal rodoviário, mais de dez bombas de efeito moral foram lançadas pelos policiais militares para conter os manifestantes. Um ônibus da viação Reginas foi esvaziado e depredado pelos baderneiros. A PM impediu que o veículo fosse incendiado. Manifestantes fizeram pelo menos três barricadas, ateando fogo em lixo para impedir a aproximação dos policiais, e os confrontos se estenderam pela noite.

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Na Avenida Rio Branco, ao menos duas bombas de efeito moral foram atiradas por policiais militares contra manifestantes mascarados, que jogavam pedregulhos contra eles. Uma agência bancária situada entre a Presidente Vargas e a Rua da Alfândega foi depredada. No trecho, os manifestantes montaram uma barricada de lixo, incendiando-a em seguida. Ainda na Rio Branco, os mascarados, armados com paus e pedras, derrubaram telas e tapumes de proteção das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cujos trilhos estão sendo instalados. Os tapumes foram atravessados na pista, para dificultar a aproximação dos policiais militares que perseguiam os envolvidos no quebra-quebra.

Protesto

Convocada por entidades estudantis, de trabalhadores e da sociedade civil, além de partidos políticos como o PSOL e o PSTU, a manifestação começou às 17 horas, na Cinelândia. Tinha como principal reivindicação o cancelamento do aumento da tarifa de ônibus no Rio. Os manifestantes seguiram em caminhada até a Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) e depois partiram para a Central do Brasil, onde duas pistas da Avenida Presidente Vargas foram interditadas, complicando o trânsito no centro.

No trajeto, os manifestantes entoaram coros como “eta, eta, eta, se não baixar a tarifa a gente pula a roleta”. Um grupo de aproximadamente 20 homens vestidos com roupas pretas, usando máscaras e com bandeiras com o símbolo anarquista era o mais vigiado pelos policiais.

Embora o protesto tivesse o transporte público como tema principal, as reivindicações de cada grupo participante eram múltiplas, com críticas aos governos municipal, estadual e federal e aos políticos em geral. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) foi criticado em vários discursos. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi menos citado, mas também recebeu críticas. Embora figurassem em muitos cartazes e faixas como alvo de críticas, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) não foram citados nos discursos.

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