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Uma consulta pública realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a manipulação de medicamentos está sendo questionada pelo Sindicato das Farmácias de Manipulação do Estado do Paraná (Sinfarma-PR). Para o presidente da entidade, Sandro Dias, a resolução que dispõe sobre as boas práticas da manipulação de medicamentos é moderna e não há motivos para que seja alterada. "Se a real função da Anvisa é trabalhar para prevenir riscos sanitários, o setor a ser priorizado seria o das drogarias. Temos uma legislação ultrapassada no que concerne o varejo farmacêutico", afirma Dias.

A consulta pública é uma discussão que a Anvisa faz com a sociedade e principalmente com o setor atingido pelo tema em questão. Pela internet e por meio de debates – principalmente em Brasília – é possível opinar sobre o assunto.

Desta vez, estão em discussão mais de mil itens relacionados à manipulação de medicamentos. A consulta começou em abril e vai até o dia 15 de setembro. O objetivo, segundo o órgão de vigilância, é atualizar as ações desenvolvidas pelo segmento das farmácias de manipulação. Entre os pontos mais polêmicos da proposta feita pela Anvisa está a imposição de um limite para a comercialização de produtos manipulados, em dosagens que já existem nos remédios fornecidos pela indústria.

"Como a manipulação farmacêutica é uma ação personalizada, as dosagens são adequadas ao peso e idade do paciente", explica o diretor da Anvisa, Victor Hugo Travassos. Para ele, se um medicamento já é fornecido em determinada dosagem pela indústria farmacêutica, ele não deve ser "copiado" por uma farmácia de manipulação. O presidente do Sinfarma-PR considera a proposta sem fundamento. "Optar por um medicamento manipulado é um direito do cidadão. Nossa competência técnica nos dá o respaldo para garantir a qualidade de qualquer dose que manipulamos", diz.

Para Sandro Dias, a proposta da Anvisa pode inviabilizar o trabalho das farmácias de manipulação. Isso porque, além de procurar por fórmulas personalizadas, a população também encontrou uma alternativa de preço na manipulação. Só no Paraná existem atualmente cerca de 500 estabelecimentos deste tipo, que oferecem produtos similares aos da indústria farmacêutica.

Ângela Zanlorenzi, uma das proprietárias da farmácia de manipulação Farmadoctor, em Curitiba, afirma que o preço da maioria dos medicamentos manipulados é até 40% mais barato que o praticado pela indústria farmacêutica. Por exemplo, o antidepressivo Fluoxetina 20 mg (com 14 cápsulas) é vendido no varejo a R$ 64, em média. Já numa farmácia de manipulação, a mesma quantidade de comprimidos custaria em torno de R$ 12 – uma diferença de 80%. "Mas depende muito. Tem medicamento que até acaba saindo mais caro, e não vale a pena fazer o manipulado", admite Zanlorenzi.

Entre os pontos polêmicos que constam na proposta da Anvisa, está ainda a proibição da propaganda de novos produtos ou alternativas terapêuticas junto à classe médica. Além disso, os médicos teriam de justificar na receita o motivo pelo qual escolheram um remédio manipulado. "A população corre o risco de ficar, de uma hora para a outra, sem a farmácia de manipulação, restando como única alternativa os produtos fornecidos pela indústria farmacêutica", adverte o presidente do sindicato.

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