O secretário do Meio Ambiente de Matinhos, Sérgio Luiz Cioli, entende que a engorda artificial da praia, com reposição de areia, é a saída definitiva para o problema enfrentado há anos pelo município. "Não é nada paliativo, é a solução", diz. Especialistas afirmam, contudo, que esse tipo de mudança não pode simplesmente ser esquecida. Os profissionais comparam projetos desse porte à construção de uma ponte ou estrada, necessitando de constante acompanhamento e manutenção. Caso isso não ocorra, a reposição pode se transformar em uma obra com prazo de validade.
Rodolfo José Ângulo, professor de Geologia da Universidade Federal do Paraná e coordenador do Laboratório de Estudos Costeiros da instituição, explica que a alimentação artificial é uma técnica moderna, recomendada para recuperação de praias com fins turísticos. "Como toda obra de engenharia, porém, precisa de bom projeto e boa execução", diz. "É provável que o mar leve parte da areia colocada. Por esse motivo, é necessário saber a durabilidade da medida e qual o intervalo de tempo em que será necessária a manutenção."
Mestre em Geologia Marinha e doutor em Engenharia Hidráulica, o oceanógrafo Lindino Benedet ressalta que a durabilidade da obra depende de uma série de fatores, como a qualidade e compatibilidade da jazida usada, os índices de perda de substância e a erosão no local. "Se bem executada, é o tipo de obra que vai dar o resultado esperado no curto prazo. Dependendo do grau de perda, porém, você consegue estipular os intervalos de manutenção", explica. E o monitoramento determina a eficácia no médio ou longo prazo.
Para o presidente da ONG Caramuru, ambientalista Paulo Roberto Nenevê, esse tipo de obra é considerada investimento desnecessário no longo prazo. "O planeta não reclama, se vinga", diz. "A força do mar vai continuar agindo da mesma forma. Com a engorda, mais cedo ou mais tarde, o serviço terá que ser refeito. Sou contra tentar enfrentar a força da natureza."