Mesmo com um número bem inferior às 1,8 mil pessoas que haviam confirmado presença, a Marcha Antifascista fez barulho e chamou a atenção de quem passava pelo calçadão da XV de Novembro na tarde deste sábado (30). Aproximadamente 300 manifestantes – no “olhômetro”, sem contagem da PM ou da organização – se concentraram na Boca Maldita a partir das 13 horas. Na véspera de um atletiba, duas bandeiras rubro-negras sinalizavam o ponto de encontro da marcha. Eram formadas por um triângulo vermelho – pela luta – e outro preto – pelo luto. Os integrantes do movimento explicaram que lutam contra o racismo, contra o autoritarismo e contra a violência praticada pelo Estado (e por todas as vítimas de um sistema que consideram opressor).
Na concentração, os manifestantes, na faixa dos 18 aos 30 anos, dividiam o espaço com cantores bolivianos, vendedores ambulantes e quem estava aproveitando os 16°C da tarde para passear no calçadão no último final de semana de compras antes do dia das mães. O ex-BBB Laércio, designer de tatuagens que mora em Curitiba, se aproximou da manifestação e foi expulso aos gritos. De barba azul e calça ao estilo militar, ele reclamou com policiais que acompanhavam a manifestação e foi embora.
Muitas das pessoas que se aproximaram para entender o que estava acontecendo não conseguiram ouvir os discursos. A qualidade dos megafones – que não reverberavam o som nem a menos de 10 metros – prejudicou o momento em que a extensa pauta de reivindicações foi apresentada. Mas quando a marcha ganhou as ruas do centro, o som vindo de gritos de ordem ecoou, marcado por bumbos e surdos, e fez curiosos pararem nas calçadas. Uma dezena de policiais, em motos, acompanhava a manifestação, com o reforço de uma viatura do Batalhão de Choque.
Afinal, o que é fascismo?
É um movimento surgido na Itália, em 1919, fundado por Benito Mussolini, defendendo a autoridade do estado, se opondo a alguns dos preceitos que foram impulsionados pela Revolução Francesa.
Percurso da marcha
O percurso foi decidido por votação. A marcha saiu da Boca Maldita pouco antes das 15 horas, desceu a Rua Dr. Muricy, entrou na Pedro Ivo e parou na esquina com a Marechal Floriano. Foi então que ocorreram os dois momentos de tensão do evento. Eles começaram um protesto em frente a um estúdio de tatuagem que abrigaria simpatizantes do neonazismo, segundo os manifestantes. Alguns integrantes do movimento antifascistas chutaram a porta de aço do local e a polícia agiu para impedir. Na sequência, um punk sentou na rua e foi “tocado” pelos policiais, que aceleravam as motos sobre os manifestantes que tentaram defendê-lo.
Depois o grupo voltou para o calçadão da XV e seguiu até a Praça Santos Andrade, onde o protesto dispersou, às 16 horas. Para Francisco Vitelli, estudante de História na UFPR e um dos integrantes do movimento antifascismo, é perceptível, desde 2013, uma ascensão da disputa no plano político, com alguns grupos conservadores e que “defendem a retirada de direitos sociais”. Ele afirma que o protesto não está nem ao lado dos que pregam o impeachment nem cegos aos problemas do governo. “Nem a direita, nem o PT, trabalhador e estudante no poder”, bradaram os manifestantes, que também querem o fim da militarização da polícia.
Algumas das reivindicações da Marcha Antifascista:
- Contra a ascensão do fascismo
- Pela responsabilização de aliados fascistas – neonazistas, nacionalistas, integralistas – pelos crimes de ódio cometidos e que continuam impunes;
- Contra o racismo, a homofobia, a transfobia, a xenofobia e o machismo
- Solidariedade aos imigrantes (sobretudo haitianos) e refugiados que sofrem ataques diários em Curitiba e em todo o país.
- Contra a Lei Antiterrorismo;
- Contra a redução da maioridade penal;
- Pela desmilitarização da polícia;
- Contra a discriminação de “vileiros” em determinados espaços.
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