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| Foto: REUTERS/Pilar Olivares

Debaixo de chuva, cerca de três mil pessoas, segundo a Polícia Militar, iniciaram a Marcha da Maconha pela orla da Praia de Ipanema, na zona sul do Rio, na tarde deste sábado. A organização espera que 20 mil pessoas participem do ato que vai seguir em direção ao Arpoador. Mais cedo, quatro manifestantes foram presos no município de Magé a caminho da Marcha. Segundo a PM, eles foram flagrados com sete cigarros e dez pacotes com a droga.

Para Antonio Henrique Campello, servidor público de 28 anos e um dos organizadores do evento, as prisões foram "arbitrárias". Um advogado que integra o movimento foi encaminhado para a cidade para ajudá-lo.

"O objetivo é fortalecer cada vez mais o debate da legalização da maconha, que é cada vez mais urgente devido a violência urbana", disse Campello. Para ele, a recente decisão do Uruguai, de legalizar a maconha, é um exemplo na luta para combater o narcotráfico.

Os manifestantes, com máscaras que reproduzem a folha da maconha, levam cartazes a favor da legalização escritos "chega de hipocrisia" e "não compre, plante". A Fifa e a Copa do Mundo também são alvo de críticas: "Basta de guerra às drogas e de limpeza social em nome da Copa", dizia um dos cartazes.

Entre os participantes, muitas famílias que buscavam a legalização do uso medicinal da maconha. A comerciante Júlia Merquio, de 48 anos, participava da marcha com a filha Helena, de sete, que tem epilepsia. "Meu sonho é conseguir que a maconha seja legalizada no Brasil", disse a mãe. Segundo ela, pesquisas publicadas no exterior indicam que pequenas doses de um óleo extraído da planta poderiam ajudar a filha ao diminuir o número de crises e relaxando os músculos do corpo, o que melhoraria sua atividade motora da criança.

O ex-ministro do meio-ambiente, Carlos Minc, também participou da manifestação e disse ser totalmente a favor da legalização da maconha. Minc ressaltou que a atual legislação brasileira "despenalizou" uso da maconha e mesmo assim 60 mil usuários estão em presídios. "A lei tem brechas. A prisão de usuários de maconha no Brasil não tem cabimento". Também participa da marcha o atual vereador do Rio, Renato Cinco (PSOL), um dos idealizadores da marcha, que existe desde 2002.

O ato será acompanhado por 30 policiais e outros 50 reforçam o policiamento em toda a orla das praias de Ipanema e Leblon. Segundo o major Luciano Cunha, do 23º Batalhão, o objetivo é acompanhar a movimentação. "A ideia do policiamento é preservar a integridade física dos manifestantes, não reprimir", disse. O major ressaltou que, caso alguém seja flagrado fumando um cigarro de maconha, "a lei tem de ser cumprida".

Participam da manifestação pessoas de outras cidades, como Magé e Curitiba.

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