Um grupo de manifestantes pediu neste sábado (30), durante a chamada “Marcha das Vadias”, a descriminalização do aborto no Brasil no evento que percorreu a Avenida Paulista, no centro de São Paulo, e que protestou contra o atual conservadorismo do Congresso Nacional.
A legalização do aborto foi a principal reivindicação da quinta edição da marcha, que reuniu na maior cidade do Brasil cerca de 150 manifestantes segundo a Polícia ou 2.000 de acordo com as organizadoras.
A manifestação foi promovida por uma organização que, com o uso de vestimentas provocadoras, roupa de baixo e até com os seios de fora, luta contra a “crença machista” de que as mulheres, pela forma insinuante em que supostamente se vestem, têm parte da culpa quando são estupradas ou assediadas sexualmente.
A Marcha das Vadias faz parte de um movimento internacional que se estendeu por todo o mundo a partir de uma manifestação em Toronto em abril de 2011.
A organização mudou este ano suas bandeiras para defender a descriminalização do aborto e para exigir mudanças em um Congresso que, admitem, dificilmente apoiará esta iniciativa por contar com uma maioria conservadora em que se destacam líderes evangélicos.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, defensor das causas evangélicas, foi o principal alvo de críticas das manifestantes.
“Fora Eduardo Cunha” e “Aborto ilegal é um feminicídio de Estado” eram algumas das frases que os manifestantes pintaram em seus corpos.
“A ‘Marcha das Vadias’ luta basicamente contra a penalização das mulheres pela violência que elas sofrem, especialmente sexual. Este ano resolvemos defender a legalização do aborto porque temos um Congresso muito conservador que já rejeitou o assunto e estamos aqui para dizer a ele que vão ter de aprová-lo”, disse a psicóloga Isabel Bernardes, uma das líderes da organização.
Os manifestantes criticaram especialmente a pressão de legisladores evangélicos que impediram que avance no Congresso qualquer projeto que possa ampliar os casos em que o aborto seja considerado legal no Brasil.
A legislação brasileira autoriza o aborto em casos de estupro, risco de vida para a mãe e quando o feto sofre de anencefalia.
As militantes qualificaram a ilegalidade do aborto como um feminicídio de Estado e lembraram que a presidente Dilma Rousseff sancionou em março uma lei que tipifica o feminicídio como crime no Brasil.
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