A 6ª edição da Marcha das Vadias de Curitiba foi realizada na manhã deste sábado (9). O tema deste ano foi “Vadias contra o Fascismo: Cuspindo na Cara do Estado”. “Definimos o tema por conta da conjuntura política. Queremos discutir os micropreconceitos que estão no nosso comportamento e no nosso discurso, pois é dessa maneira que é construído o fascismo”, explicou Jussara Cardoso, uma das organizadoras. Convocado pelas redes sociais, o evento reuniu cerca de 150 pessoas e partiu da Praça 19 de Dezembro (Praça do Homem e da Mulher Nus) em direção à Boca Maldita.
A militante, que está em seu quinto ano de marcha, enxerga um leve amadurecimento no que se refere à compreensão do evento, que tem como um dos princípios a nudez parcial de suas participantes – um protesto contra a ideia de que é o comportamento das mulheres que provoca os casos de estupro, diminuindo assim a responsabilidade dos agressores. “Neste ano os casos tiveram mais visibilidade (como os dos estupros coletivos) e a discussão aumentou, mas ainda estamos bem no início”, considera. Um dos termômetros é a página do evento no Facebook. “Os ‘haters’ diminuíram drasticamente. Já recebemos mais de 60 mil comentários contrários em outras edições. Neste ano, foram seis pessoas. Eles sabem que se vierem escrever algo, vai ter argumento”, conta Jussara.
Fora os curiosos, atraídos pelas primeiras meninas se despindo de seus casacos de inverno e blusas, poucos foram os homens que participaram do ato. Fábio Drebel, operador de máquinas de 36 anos, acompanhou a amiga, a estudante de História Sarah Valente, 18. “Acho a iniciativa válida e vim para entender o movimento”, conta. “É importante expor o quanto as pessoas são machistas no Brasil, condenando . Algo que não é compatível com o que mostramos para o exterior, com Carnaval e nudez”, afirma a estudante.
Como já virou tradição na marcha curitibana, além de pintarem frases pelo corpo, as participantes “maquiaram” as estátuas da Praça 19 de Dezembro com tinta removível. O sol saiu e tornou menos traumática a exposição das participantes ao inverno curitibano.
A pauta LGBT também está inserida no evento. Rafaelly Wiest, 33 anos, presidente do Transgrupo Marcela Prado, lembra que, apenas em 2016, 117 pessoas transexuais foram mortas no Brasil. “O seio de fora é para se mostrar, é para denunciar. Ao contrário da parada gay, a Marcha das Vadias lembra o luto e a tristeza pelas agressões que sofremos”, afirma.
A educação sobre respeito às mulheres vai começar cedo na casa da empresária Livia Farah, 30 anos. Mãe de Otto, 1 ano e três meses, ela levou o filho nesta que é sua quinta marcha. “Só não vim no ano passado porque ele era muito pequeno. Acho que nos últimos anos as pessoas têm compreendido melhor o que é feminismo. Minha avó, por exemplo, ficou horrorizada no primeiro ano em que participei e agora me incentiva a vir. As feministas estão saindo do armário”, compara Livia.
Origens
A primeira Marcha das Vadias foi realizada em 2011, na cidade canadense de Toronto. Foi uma resposta à afirmação de um policial, que, durante uma palestra, disse que as mulheres deveriam se precaver de estupros evitando se vestir como “vadias”. No Brasil, já foi realizada em quase todas as capitais. “De burca ou completamente nua, as decisões sobre o meu próprio corpo são tomadas por mim”, resume a estudante Tuany Hase, 21 anos, que também pintou a boca, pescoço e o colo em um desenho.
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