Há três semanas a técnica em enfermagem Maria Aparecida Bezerra da Silva, 53 anos, ocupa uma velha casa de madeira no centro de Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, junto com os 12 filhos, 10 deles adotivos. A casa onde a família morava havia oito anos, em uma pequena propriedade rural, foi destruída por um incêndio na noite do dia 1.º, provavelmente causado por um curto circuito. O fogo além de destruir a moradia, consumiu roupas, calçados, eletrodomésticos, móveis e objetos pessoais, mais a despensa com mantimentos para passar o mês.
Desde então, dona Maria, como é conhecida, tem contado com a solidariedade de muitas pessoas, inclusive de uma amiga que lhe cedeu uma velha casa de madeira para abrigar seus filhos. Roupas e calçados também chegam a todo momento no novo endereço da família. Sua despensa já está cheia novamente com a doação de alimentos.
No entanto, o que Dona Maria precisa é de um lugar definitivo para ficar com seus filhos. A antiga casa onde morava era cedida, e o dono da propriedade já disse que não pretende reconstruí-la. A casa onde está foi emprestada em caráter provisório, até que dona Maria encontre um novo lar. A dona do imóvel pretende demolir a casa, já que ela não reúne condições para ser habitada. "A casa foi cedida só para passar alguns dias, até achar um novo local para morar com meus filhos. Mas ainda não consegui", revela dona Maria. Ela conta que também tem recebido doações de material de construção, mas, para aproveitar o que tem à disposição, precisa de um terreno para "erguer" a sua casa.
A família
A história de dona Maria Bezerra da Silva começou há 15 anos quando ela adotou a primeira criança. Hoje são 10 crianças e adolescentes com idade entre 2 e 17 anos, a maioria com algum problema de saúde ou deficiência física ou mental. "Fui adotando. Eles apareciam, as mães batiam na minha porta deixando-os e eu fui criando", conta a técnica em enfermagem. "Hoje tenho a guarda de todos eles. Assim que cada criança chegava corria no Fórum (de Justiça) para comunicar."
Ela revela que mantém as crianças com R$ 1,5 mil do que recebe da aposentadoria. O dinheiro cobre as despesas de supermercado e alguma emergência. O material escolar é comprado com o seu décimo terceiro salário. "Tudo que ganho gasto com eles. E também nunca dependi de doações. Trabalho e crio meus filhos com dignidade", diz com orgulho.
Promessa
A Secretaria de Assistência Social de Santo Antônio da Platina pretende conseguir uma moradia popular para ela e seus 12 filhos. No dia 5, a secretária Magali Pereira da Silva disse que a prefeitura pretendia reconstruir a antiga casa de dona Maria destruída pelo incêndio, mas o proprietário da área não permitiu a reconstrução. "Vamos nos reunir com a prefeita (Maria Ana Pombo) e propor a construção de uma moradia. Se não for possível, dona Maria terá prioridade para conseguir uma casa através do programa de habitação da prefeitura", disse a secretária. Ela não quis dar prazo para o benefício.
Enquanto aguarda a casa nova, dona Maria divide seu tempo entre os cuidados com os filhos e a separação das roupas e dos calçados que ganhou. "Tudo vai ficar bem. Qualquer doação é bem-vinda."
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