Posto onde a médica trabalhava ficou fechado na terça-feira (14), mas voltou a funcionar hoje.| Foto: Gisele Barão/Gazeta do Povo

Segundo o presidente da comissão do programa Mais Médicos no Paraná, Edvar Daniel, o marido da médica cubana Yaniet Campos, que faleceu na segunda-feira (13), Jorge Gruma, deve acompanhar o enterro da esposa em Cuba, mas, a princípio, terá de voltar ao Brasil posteriormente para seguir as atividades no programa. Ainda não é possível dizer se Gruma vai se desligar do Mais Médicos depois. Também não há previsão para a viagem a Cuba. O corpo de Yaniet está em Curitiba desde a tarde de terça-feira (14). O laudo do Instituto Médico Legal, segundo o Ministério da Saúde (MS) informou, indica que a causa da morte de Yaniet foi um enfarte agudo do miocárdio. No momento, o corpo de Yaniet está em Curitiba.

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A médica tinha 31 anos e foi encontrada morta no próprio apartamento às 15 horas da segunda-feira (13) pelo marido, Jorge Luis Cabrera Gruma, médico cubano que atua na mesma unidade de saúde. Ela era natural de Camaguey, em Cuba, e morava na Rua Prefeito Brasílio Ribas.

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Yaniet chegou na cidade no 5.º ciclo do Programa Mais Médicos, em março do ano passado, e atuava na unidade de saúde Zilda Arns, no Parque Nossa Senhora das Graças. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa lamentou o falecimento da médica e disse que ela era uma excelente profissional. “A secretaria reitera que era uma grande colega e amiga, conquistou toda a comunidade local”, diz o texto.

O presidente da comissão do Mais Médicos no Paraná, informou que a vaga da médica fica em aberto e há possibilidade de a cidade receber um novo profissional, mas sem previsão para a substituição. “É uma situação desagradável, até por estar longe de seu país, dos pais e familiares, mas o programa vai dar todo o apoio”, diz Daniel. Ponta Grossa tem 60 médicos cadastrados no programa.

Em nota, o MS informou que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), responsável pela cooperação com o governo cubano, providenciará a repatriação do corpo conforme previsto no acordo, garantindo toda assistência necessária. O translado deve ocorrer após a liberação dos documentos.

Esse não é o primeiro caso de um integrante do Programa Mais Médicos que morre no Paraná. Em maio do ano passado, uma médica cubana, de 54 anos, faleceu em função de um infarto em Antonina, no Litoral do estado.

Pacientes e colegas lamentam a morte da médica

No bairro onde a médica atuava, pacientes e colegas relatam que Yaniet era alegre, atenciosa, e tinha uma ótima relação com o marido. A aposentada Romilda de Paula Pinto, que mora na região há 20 anos, foi atendida uma vez no ano passado pela cubana. “Ela atendia muito bem, precisei consultar em uma emergência, para conseguir um remédio controlado, e ela foi muito prestativa”, conta. A cabeleireira Maria, por sua vez, Josiane dos Santos teve diversas consultas com Yaniet. “O trabalho dos dois[Yaniet e o marido] é muito bom. Todo mundo no bairro ficou em choque com a notícia”, diz.

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Para os colegas de trabalho, a médica era como parte da família, conta a agente comunitária Maria Lúcia Wichineski, que atua na mesma unidade de saúde. “Ela era muito boa, paciente, cumprimentava todos com um abraço. Eu a considerava como uma irmã. Ninguém do posto dormiu essa noite, ficamos chocados.”

A Unidade de Saúde em que a médica atuava ficou fechada nesta terça-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os colegas puderam se despedir em um velório às 16 horas de hoje. Depois, o corpo foi encaminhado para Curitiba, onde será preparado para o transporte até Cuba, o que ainda não tem previsão para acontecer. A unidade de saúde Zilda Arns volta a funcionar normalmente nesta quarta-feira (15).

A reportagem esteve na noite desta terça-feira no prédio onde Yaniet morava com o marido, no centro de Ponta Grossa, e tentou falar com alguns vizinhos, mas eles alegaram que não estavam em condições de se pronunciar.