Sorocaba - O aposentado João Batista Groppo, 64 anos, é acusado de manter a própria mulher, com a mesma idade, presa no porão de casa há 16 anos, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Eles estavam casados havia mais de 40 anos, mas Groppo vivia na mesma casa com outra mulher. O homem foi preso na quarta-feira passada, acusado de cárcere privado e maus-tratos. Sua companheira, Maria Aparecida Furquim, também foi presa como cúmplice dos crimes.
O caso foi descoberto e Sebastiana Aparecida Groppo foi libertada pela Polícia Civil a partir de uma denúncia anônima. O aposentado alegou que mantinha a esposa presa porque ela sofria de problemas mentais. A mulher foi encontrada sobre uma cama de concreto, praticamente sem roupas. A falta de higiene causava mau cheiro.
O cômodo, escuro e sem ventilação, tinha grade de ferro e estava trancado com cadeado. As paredes estavam emboloradas, com teias de aranha, e havia caramujos no quarto. O local também não tinha luz elétrica. O aposentado alegou que a privava da energia porque ela mantinha as luzes acesas, aumentando o valor da conta.
A delegada Jaqueline Barcelos Coutinho, da Delegacia da Mulher, disse que as condições em que a mulher vivia eram insuportáveis. "É uma situação aviltante, de cárcere privado, em que a vítima estava numa condição que nem para animal servia." Depois de ser atendida no Hospital Regional, Sebastiana foi entregue aos cuidados do filho. O acusado foi levado para o Centro de Detenção Provisória e sua companheira para a cadeia feminina de Votorantim.
Filho defende pai
O filho disse ontem que a intenção de seu pai era proteger a mãe. Em depoimento João Batista Groppo Filho defendeu o pai. Segundo ele, o porão havia sido reformado em 2003 para acomodar melhor a mãe. Segundo ele, o pai havia tentado várias vezes internar a esposa. Como não teve sucesso, decidiu tratá-la em casa.