Organizações de proteção aos animais em Maringá
- Anjos dos Animais
Contato: (44) 9114 9900
Disponível de segunda a sexta, das 14h às 17 horas
- Aparu (Associação de Proteção aos Animais de Rua)
Contato: aparu@aparu.org e aparu.org@hotmail.com
- Socpam (Sociedade Protetora dos Animais de Maringá)
Contato: (44) 3227-2881 e (44) 9902-7028
O atendimento é realizado preferencialmente de segunda à sexta-feira das 13h às 18h30. No sábado o contato pode ser feito preferencialmente das 9h às 13h.
Nas últimas semanas, vários casos de maus tratos contra cães ganharam destaque na mídia, como o "vira-lata" esfaqueado em Guarapuava e o yorkshire que morreu após ser espancado pela dona em Goiás. Para a presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Maringá (Socpam),Maria Eugênia Ferreira, casos de crueldade contra os animais são comuns e desafiam a entidade, que hoje conta com ajuda das redes sociais para fazer este trabalho.
Criada oficialmente em 1997, o grupo tem como objetivo proteger a integridade física e psicológica dos animais. Para isso, conta com apoio de 260 associados que contribuem com pelo menos R$ 20 por mês. A entidade administra um abrigo em Sarandi, com custos que chegam a quase R$ 5 mil por mês.
O local conta com apenas dois funcionários de apoio e no momento só tem condições de recolher cães e gatos feridos, doentes, atropelados ou filhotes encaminhados pelos associados. Atualmente são cerca de 130 cães e gatos a espera de uma adoção.
"Como não temos condições de recolher todos os animais, somos muito criticados por parte da população. Sabemos que é um trabalho limitado, que não elimina o problema e que sequer mantém o controle dos animais de rua. Mas para os animais que recolhemos, fazemos a diferença e isso é muito gratificante", ressalta Maria Eugênia, que recolhe e cuida de animais em Maringá desde 1983.
GAZETA MARINGÁ -Os casos de violência contra cães estão tendo bastante espaço na mídia. A incidência de agressões está aumentando?
MARIA EUGÊNIA FERREIRA - Esses casos sempre existiram, mas eram menos noticiados. Agora acho que as pessoas estão denunciando mais. A Internet ajudou a mostrar que violência contra animais é crime e que tem lei para isso.
Em média, quantas denúncias de maus tratos e abandono de animais a Socpam recebe?
Por dia, nós recebemos de duas a três denúncias de ações menos graves, como deixar o animal sem casinha, amarrado numa corrente curta, com pouca comida, sem trato veterinário. Agora, felizmente, não recebemos muitos casos graves de violência, mas já tivemos situações de pessoas que foram processadas em Maringá.
Qual foi o caso de violência que mais chamou sua atenção?
Tivemos alguns. Teve uma cadela que foi amarrada no pára-choque do carro e arrastada por quatro quadras no Parque das Palmeiras. Ela teve as quatro patas decepadas. Em outro caso, um garoto de 16 anos ateou fogo no próprio cachorro e depois só foi mandado para o Conselho Tutelar. Em outra situação, um homem foi denunciado pela própria esposa. Ele afogava gatos em um tanque e inclusive decepou a cabeça de um gato e colocou no portão da vizinha. Depois disso ele pagou uma cesta básica por cada gato que matou e participou de uma palestra.
Você acha que a legislação é branda?
Sim, a legislação tem de ser mais rigorosa. O problema é que esses casos são vistos como crimes contra o ambiente e a crueldade não é propriamente analisada, sendo considerada um crime menor. O artigo 32 da Lei 9.605 prevê até um ano de prisão para o infrator, mas ele tem direito de fazer termo de acerto de conduta, recebendo punições como pagamento de multas, cestas básicas e serviços comunitários. A prisão fica praticamente descartada. Achamos que deveria existir uma lei específica de crimes de violência contra animais.
Além de cães e gatos, que outros animais costumam sofrer casos de violência em Maringá?
Recebíamos muitas denúncias de maus tratos contra cavalos. Por ser um animal de grande porte, chama a atenção das pessoas. Certa vez, nos deparamos com um cavalo perfurado por um espeto de carne. Coisa de pessoas violentas, agem por motivos irrelevantes.
Vocês estimam que existam quantos animais abandonados em Maringá?
Estimativa do Centro de Controle de Zoonoses é de que exista em média um animal de rua para cada 10 a 12 habitantes, ou seja, em Maringá temos entre 25 mil e 30 mil vivendo nas ruas. Destes, acreditamos que entre 5 mil e 7 mil realmente não têm donos. Os demais são aqueles abandonados esporadicamente e os semidomiciliados, que têm uma moradia, mas que têm acesso à rua.
Hoje, o que está sendo feito de concreto por entidades e governos para evitar problemas causados pela população de animais nas ruas?
Quase nada. O que é importante fazer é a castração e o cadastramento dos animais. Em Maringá, nós temos um Centro de Controle de Zoonoses que é modelo e que castra três dos nossos animais por semana. No entanto, é um número muito pequeno. A prefeitura devia ter uma participação maior em alguns programas de castração.
Em outubro do ano passado, uma liminar da Justiça proibiu o departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) de utilizar cães da raça beagle para experimentos. A Socpam tem representação no Comitê de Ética em Experimentação Animal na UEM e no Programa de Apoio aos animais da UEM (Proanimal). Como a entidade se posiciona nesta questão?
A sociedade protetora é totalmente contrária aos experimentos. Primeiro, pelos maus tratos e segundo porque já está provado que não é necessário usar animais. Medicamentos e testes que fazem mal e trazem sequelas em animais não necessariamente causam isso nos humanos e vice-versa. Os organismos são diferentes. Além disso, o conhecimento científico é suficientemente grande para não administrar veneno no ser humano. Os compostos químicos já são conhecidos, se têm componentes que são venenosos ou nocivos. Não precisa colocar isso na boca de um animal para mostrar que determinada substância não deve ser aplicada nas pessoas.
Mesmo com esse posicionamento contrário da Socpam, por que os experimentos foram realizados?
O comitê é formado por oito a dez membros. Não adianta nossa representante ir lá e votar contrário em tudo porque os procedimentos são aprovados pela maioria. Geralmente, os outros representantes votam a favor porque existe um protecionismo da pesquisa. Isso acaba nos colocando como co-responsáveis de tudo que acontece lá. É uma situação muito espinhosa para nós.
É o comitê que aprova a realização da pesquisa?
Não, a aprovação da pesquisa em si é feita pelos departamentos. O comitê avalia especificamente os procedimentos com os animais, ou seja, quais anestesias e produtos são utilizados, quantas doses são administradas. No uso dos beagles, por exemplo, os animais seriam alimentados com ração no pós-operatório, mas pedimos para servir comidas pastosas. É melhor sugerir alguma coisa do que somente ir contra e não sugerir nada.
Os procedimentos foram seguidos?
Ao que parece, não estavam seguindo os protocolos, o que é gravíssimo. No entanto, não temos como acompanhar todos os procedimentos porque eles acontecem todos os dias e todas as horas nos laboratórios da universidade. Se fosse comprovado que os protocolos não estavam sendo seguidos, a pesquisa poderia não ser aprovada pelo comitê de ética.
E isso poderia impedir os experimentos?
Não. A desaprovação do comitê não é impeditivo para que a pesquisa seja concluída. Sem a nossa aprovação, o pesquisador apenas teria dificuldade para publicar o estudo em revistas norte-americanas e europeias, que pedem o certificado do comitê de ética.
Como é possível adotar um animal?
Quem for adotar um animal precisa ter mais de 21 anos e apresentar RG e CPF. Na ocasião, é feito um contrato de posse responsável. A maior parte dos nossos animais é castrada, mas se o cão ou gato escolhido ainda não for, o proprietário leva um vale castração e não precisará pagar nada pelo procedimento. Os interessados podem vir até a nossa sede [mapa coma localização pode ser acessado aqui]. Além disso, realizamos feiras de adoção todos os sábados no estacionamento do Supermercado Mercadorama [na Avenida São Paulo, 42 ao lado do Parque do Ingá]. Outras entidades também fazem esse trabalho de recolhimento de cães e gatos. É o caso da ONG Anjos dos Animais, que também promove feiras de adoção no estacionamento do Shopping Cidade.
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