Dificuldades na fiscalização e prevenção
Embora tragam números específicos, as estatísticas dos setores governamentais responsáveis pela segurança e amparo ao trabalhador deixam de mostrar as reais circunstâncias dos acidentes. Para a chefe interina da Fundacentro Paraná, Evelyn Albizu, isso dificulta as fiscalizações e a formulação de políticas preventivas aos acidentes. "No ano passado, eu precisava saber a quantidade de escalpelamentos no Paraná no setor de pesca, mas só tinha a informação de um escalpelamento, não de como aconteceu", conta. "Então, isso atrapalha um pouco, esses dados deveriam estar disponíveis a todos."
O número de acidentes de trabalho diminuiu 26,7% entre 2010 e 2011 em Maringá, segundo o Ministério da Previdência Social. Segundo o levantamento, em 2010 foram 1.002 casos e, em 2011, 735.
"Geralmente o número de acidentes ocasionados no ambiente de trabalho crescem ano a ano, mas percebemos uma redução no último ano em Maringá. Isso é um dado importante e interessante porque significa que as empresas ou o próprio Ministério do Trabalho estão promovendo ações para reduzir os casos", explica a gerente executiva do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Maringá, Marlene Morimoto.
O número de pessoas que começou a receber auxílio doença, por motivo de acidente ou doença ocasionada pelo ambiente de trabalho, também diminuiu em Maringá. Em 2010, foram 9,1 mil casos e, em 2011, 8 mil. O número de aposentadorias por invalidez, porém, aumentou de 870 para 907 entre 2010 e 2011.
Segurança e economia
A coordenadora do curso em segurança do trabalho da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTF-PR), Sueli Souza, afirma que, nos últimos anos, as empresas têm investido mais no setor. "A construção civil melhorou, mas os índices ainda são elevados. Na indústria de um modo geral, eles também são altos", avalia.
Já a chefe interina da Fundacentro Paraná, Evelyn Albizu, reforça que, além da qualidade no ambiente de trabalho, a segurança representa ganhos financeiros. "A cobrança do INSS é maior para as empresas que têm mais acidentes e investem menos na área", explica. "E quando alguém se acidenta, é necessário um substituto, treinamento e há a perda normal. A pessoa que trabalha ao lado não trabalha da mesma forma. Há uma queda de produtividade, é um efeito cascata."
(Colaborou Flávio Augusto do Jornal de Londrina - JL)