O comprometimento da renda familiar com aluguel é responsável por mais de 50% do déficit habitacional em Maringá, que é de 10,4 mil domicílios. Em 6,1 mil domicílios há maringaenses que comprometem um terço ou mais da renda total dos moradores para o pagamento da locação de um imóvel. Outro fator que colabora para o déficit habitacional no Município é a coabitação familiar – quando há mais de uma família morando na mesma casa. São 3,6 mil domicílios nesse perfil na cidade, o que representa quase 35% do déficit municipal. As informações foram divulgadas este mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) responsável pelo estudo de Estimativas de Déficit Habitacional Brasileiro com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O técnico em informação estatística e geográfica do IBGE Cássius de Britto afirma que uma das explicações possíveis para a grande representatividade do ônus excessivo do aluguel e a coabitação familiar no déficit domiciliar de Maringá é o alto custo de moradia no município. "Mesmo em áreas longe do Centro o preço do metro quadrado é um dos mais altos do Paraná."Em termos absolutos, Maringá é o terceiro município paranaense com maior déficit habitacional, atrás de Curitiba, 48,5 mil, e Londrina 13,9 mil. "O índice maringaense acompanha a tendência nacional de 8,8%. De maneira geral, o estudo mostrou que os maiores déficits estavam presentes nos maiores e mais urbanizados municípios do estado", pontuou Britto.

Além do comprometimento da renda com o aluguel e a coabitação familiar, o Ipea analisou o número de domicílios improvisados e precários (388) e o adensamento excessivo em domicílios alugados (517) em Maringá.

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Crescimento populacional e habitacional

De acordo com dados dos Censos Demográficos, entre 2000 e 2010, embora a população de Maringá tenha crescido em torno de 23,7%, o aumento no número de domicílios foi de 53,74%. Isso significa que, na primeira década do século XXI, a população maringaense aumentou em 68,4 mil pessoas enquanto o número de novos domicílios foi de 45,2 mil. "É como se, em média, houvesse sido produzido um domicílio para cada 1,5 pessoa", explica Britto. Mesmo assim, o técnico do IBGE pontua que o crescimento não foi o suficiente para suprir a carência do Município. "Déficit habitacional não quer dizer que a população não tem onde morar. Quer dizer que as condições e o gasto com moradia não são considerados ideais."

Britto pontua que existem sim domicílios disponíveis na cidade. No entanto eles não são ocupados pelo mesmo fator que causa o comprometimento da renda e a coabitação familiar. "Em 2010, o Censo mostrou que existem 9,7 mil imóveis desocupados em Maringá. Na maioria das vezes eles estão vazios porque a população não tem condições de pagar por eles."