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Ausência de plano de carreira específico afasta médicos de concursos

Em Maringá, dois concursos públicos abertos recentemente para a contratação de médicos tiveram o prazo de inscrições prorrogado por falta de interessados. Para o presidente da Sociedade Médica do Município, Kemel Jorge Chammas, a falta de um plano de carreira específico para a categoria é a principal causa da dificuldade em preencher as vagas oferecidas. A segunda causa é o salário.

"Se tivesse um plano de carreira [específico], que não existe em Maringá até o momento, não tenho dúvidas de que os cargos seriam preenchidos", argumentou Chammas. Atualmente, apenas os servidores da Educação contam com um plano próprio no Município. Os demais profissionais, incluindo os médicos, são enquadrados em um plano geral.

O presidente do Conselho Regional de Medicina no Paraná (CRM-PR), Maurício Marcondes Ribas, afirmou que a falta de plano de carreira para os médicos é comum em muitas cidades do estado, principalmente naquelas com menos moradores. Para ele, o ideal é a instalação de um plano nos moldes do que é visto no Judiciário.

Se fosse no formato do Judiciário, o médico aprovado em um concurso iniciaria a carreira em pequenas cidades do interior e conquistaria postos e melhores salários ao longo do tempo, podendo até escolher onde atuar. "O médico precisa de estímulo, uma perspectiva de progressão. Estamos pleiteando essa situação junto aos governos estadual e federal, que acenaram com esta possibilidade", disse Ribas.

Plano de carreira geral está sendo discutido

A revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), no qual se enquadram os médicos, voltará a ser discutido em 4 de novembro, durante assembleia convocada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar). De acordo com a presidente da entidade, Iraídes Baptistoni, uma das reivindicações é pela criação de um plano próprio para os profissionais da Saúde. "Defendemos um plano único para essa categoria porque existem temas com muitas especificidades", afirmou.

Desde abril deste ano, uma comissão da Prefeitura de Maringá está revisando o PCCR. A previsão do Executivo é de que a proposta seja encaminhada para a Câmara de Vereadores no mês que vem. No entanto, segundo o secretário municipal de Recursos Humanos, Gilmar José Benkendorf Silva, o trabalho não inclui a criação de um plano específico para médicos. "Posteriormente vamos analisar um plano para a Saúde."

Baixos salários também afastam médicos dos concursos maringaenses

Outro problema questionado pela Sociedade Médica local foram os salários pagos aos médicos no Município. "Não posso dizer que seja desprezível, mas se o governo traz médicos estrangeiros e paga quase três vezes mais, também precisamos ser valorizados. Não sou contra a vinda dos estrangeiros, mas quero que nossa categoria seja valorizada", explicou Chammas.

Já o presidente do CRM-PR ressaltou que não adianta contratar médicos se eles não estão amparados por boas condições de trabalho. "Muitas vezes, o médico é colocado em uma unidade distante, em um ambiente hostil e sem estrutura adequada. O profissional necessita de boas condições para exercer a medicina com dignidade", declarou Ribas. Para secretário, dificuldade no preenchimento de vagas se dá por escassez de profissionais

Para o secretario de Saúde de Maringá, Antonio Carlos Nardi, a falta de interessados nos concursos não foi influenciada pela falta de planos de carreira ou salários baixos, mas, sim, pela escassez no mercado. "Todas as vezes que se abre um concurso, existe a dificuldade de preencher as vagas. Algumas especialidades são mais difíceis. Estamos com nosso quadro de profissionais completo em Maringá. Abrimos o concurso para garantir uma folga e evitar que fiquemos sem médicos caso alguém se aposente em breve."

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