Perfil do dependente químico em Maringá

- Sexo masculino

- Jovem entre 20 e 29 anos

- Classe social média

- Tem pelo menos o ensino fundamental

- Passou por vários tratamentos

- Tempo de consumo da droga de 5 a 10 anos

- Portador de HIV

CARREGANDO :)

Crack fecha o cerco no Paraná

Subproduto da cocaína, surgido nos subúrbios dos Estados Unidos, o crack entrou no Brasil no final dos anos 1980 e hoje está fechando o cerco no Paraná. Já encontrado em pelo menos 193 dos 399 municípios do estado, ele avança mais rápido do que a cocaína (presente em 241 deles) e está prestes a superar a maconha, que só não chegou a 16 cidades paranaenses segundo o Narcodenúncia 181, programa que inclui as apreensões das polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal. Como o volume retido representa apenas uma parte da droga em circulação, a abrangência do crack pode ser maior. Em cinco anos ele triplicou sua área de cobertura, que era de 59 municípios em 2004.

Leia Matéria completa

Veja também
  • Recuperação de alcoolistas está acima de média em Maringá
Publicidade

Classe média e com escolaridade entre o ensino fundamental e médio. Esse é o perfil dos dependentes químicos em Maringá revelado pelo Relatório Circunstanciado Sobre Ações de Prevenção e Tratamento do Uso de Drogas em Maringá, divulgado na última quarta-feira (9). Em 2008, 63% das pessoas que tiveram algum acompanhamento para recuperação se enquadravam nessa perspectiva. O relatório mostrou também que as drogas mais consumidas na cidade são o álcool e o crack e que entre 2007 e 2008 as prisões por porte ou tráfico de drogas quase triplicaram .

O levantamento foi feito utilizando as informações colhidas durante os atendimentos no Hospital Psiquiátrico e no Centro de Atenção Psicossocial para Alcool e Drogas (CAPSad). Embora o número retrate apenas os pacientes que receberam algum tipo de acompanhamento, para Maricelma Bregola, presidente do Conselho Municipal Anti-Drogas (Comad), os dados não estão mascarados. "O relatório é real. O problema já atinge a sociedade como um todo e não somente os mais pobres e menos escolarizados, como costumamos pensar", disse ela. A situação pode ser ainda mais delicada. "Já as pessoas com curso superior ou de classe alta, quando passam pelo problema costumam procurar ajuda fora do município", explicou. Dessa forma também não entram nas estatísticas.

Embora a Secretaria de Assistência Social (Sasc) acredite que a maior parte dos dependentes ou usuários de drogas apareça retratada no levantamento, pois passaram por acompanhamento médico, para Maricelma ainda falta uma informação fundamental ainda não tabelada: quantas pessoas em Maringá sofrem com o uso de entorpecentes no total. "O relatório tem como objetivo a prestação de contas, por isso não mostra quem está fora do atendimento", disse.

Foco estava errado

Agora é hora de analisar os dados para traçar novos programas de combate ao uso de drogas, mas uma coisa já se sabe: a prevenção é a estratégia mais acertada. "Há pouco tempo que estamos focando na prevenção. O foco estava errado e por isso não alcançamos os resultados que precisamos", explicou Maricelma.

Publicidade

Um exemplo de programa preventivo já adotado em Maringá é o Programa de Resistência a Drogas e Violência (Proerd), coordenado pela Polícia Militar e que atua nas escolas com alunos da quarta e sexta séries. A iniciativa é vinculada com a Patrulha Escolar Comunitária. Os policiais ministram curso de 10 lições aos alunos. "Não é um trabalho com resultado imediato, mas de longo prazo. Na formatura eles (alunos) fazem um juramento onde se comprometem a ficar longe das drogas", disse o soldado Paulo Sérgio da Silva, um dos professores. "O custo por aluno é de cerca de R$12, bem mais barato que os prejuízos com tratamentos", lembrou.

Entre 2006 e 2008, 12.685 crianças da rede estadual, municipal e particular participaram do curso.