A rodada inaugural do segundo turno decreta, neste fim de semana, o começo da despedida de 2013 para boa parte dos jogadores que disputam o Paranaense.
Com base no registro de atletas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 49,2% dos boleiros do Estadual sem contar os que jogam em Coritiba, Atlético e Paraná têm contrato apenas até maio. Depois, o drama de um calendário incerto.
Com exceção de coxas, rubro-negros e tricolores, os documentos da entidade mostram 270 atletas profissionais na disputa do PR-2013, sendo que 133 terão seu vínculo desfeito após o torneio.
Para esses temporários, o período de desemprego começa em no máximo 13 jogos (caso um dos times se classifique para disputar a final do interior ou à decisão com o Coritiba), limite de rodadas a jogar no certame regional.
"A essa altura [da competição] a gente já começa a ligar para empresários, para técnicos conhecidos para tentar garantir alguma coisa no segundo semestre. Pode ser uma Série D, Série C ou até a Segunda Divisão do Paranaense", conta o meia Safira, do Toledo.
Aos 29 anos, foi no J. Malucelli, na época Corinthians-PR, que ele garantiu o maior registro na carteira de trabalho. "Foram dois anos, mas a maioria dos contratos não passa de seis meses. Há lugares onde se joga por três meses só. Conheço vários jogadores que aceitam até um salário menor para ter um contrato mais longo", reforça.
A falta de emprego certo pós-estadual é um problema que extrapola as fronteiras locais. Segundo estudo da Pluri Consultoria, 12.888 jogadores profissionais estão registrados na CBF, dos quais estima-se que somente 2.579 tenham atividade garantida durante o ano, disputando no mínimo campeonatos estaduais e nacionais.
Expressivos 10.309 vestem a camisa dos "sem-clube".
A falta de calendário pauta esse descompasso no mercado da bola. Ao todo, 654 clubes disputam campeonatos locais no país, com duração aproximada de quatro meses. Mas apenas cem voltam aos gramados no restante do ano para competir em alguma divisão do Brasileiro. Assim, 554 agremiações ficam pelo caminho ou têm como opção a disputa de deficitárias copas regionais.
Quem está fora dos torneios nacionais é obrigado a recorrer a contratos perecíveis. Já os clubes acabam por dispensar uma enxurrada de jogadores após a competição e voltar a contratá-los no início da temporada seguinte.
"O grande paradoxo desse cenário é que os clubes pequenos colocam nas federações dirigentes compromissados em manter as coisas como estão. Ou seja, está ruim hoje, mas o medo de que piore leva ao imobilismo. E o imobilismo realmente piora a situação, vai matando os clubes aos poucos", alerta o sócio-diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira.