Economia de Maringá é baseada em serviços

Além do comércio varejista e automotivo, as principais atividades das empresas sediadas em Maringá são: Indústria da transformação (10,92%), Atividades administrativas e serviços auxiliares (9,15%), Alojamento e alimentação (6%) e outras atividades de serviços (4,88%).

De acordo com o técnico em informações geográficas e estatísticas do IBGE Cássius de Brito, o número de empresas de grande porte, com 250 funcionários ou mais ainda é muito pequeno em Maringá. Em 2011, eram apenas 46 empresas com este perfil, o que corresponde a 0,22% do total maringaense.

De acordo com Brito, isso reforça a característica de Maringá ser uma cidade baseada em serviços. "O comércio na cidade sempre foi forte. Em contrapartida, o setor industrial nunca se estabeleceu efetivamente na cidade."

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O comércio é o principal setor da atividade empresarial de Maringá. Das 20,5 mil empresas existentes na cidade, 9,8 mil, ou 44,15%, são ligadas ao comércio varejista e atacadista ou à venda, reparação de veículos e motocicletas. Outra característica das empresas maringaenses é que 69,41% delas são de pequeno porte e empregam até quatro pessoas. As informações foram publicadas em 24 de maio no estudo Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre), com base nos dados de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O comércio varejista é o setor com o maior número de empresas na cidade, 6,1 mil, ou 27,68% do total. Nelzi Trevizani trabalha há 20 anos em uma loja de roupas no centro da cidade, 11 deles no mesmo estabelecimento do qual é a única vendedora. Ela conta que neste tempo a atividade se modificou, especialmente por conta do aumento da concorrência. "Antigamente, nossos clientes não tinham tantas opções.Consequentemente, eram mais fiéis." Para manter as vendas, Nelzi conta que além de preços melhores, a loja precisa oferecer um bom atendimento. "É preciso estar sempre com um sorriso no rosto, ser sincero com o cliente e mostrar que você se lembra dele, da compra que ele realizou. Se não for assim, não tem jeito, perde para a concorrência mesmo."

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Assim como Nelzi, a maioria dos empregados do comércio varejista de Maringá é de mulheres que tem o salário médio de R$ 2 mil complementados com comissões das vendas. "O comércio tem uma característica muito específica em que a média salarial não condiz, necessariamente, com a renda do empregado. Isso acontece porque o setor trabalha muito com o pagamento de comissões e, por isso, a renda varia conforme o mês", explica o técnico em informações geográficas e estatísticas do IBGE, Cássius de Brito.

Nilzi diz acreditar que a estratégia é boa para incentivar os vendedores. "Acho que quando o patrão oferece esse estímulo, o empregado trabalha melhor, mais motivado."

Setor automotivo em destaque

Assim como o varejo, o comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas tem destaque no número de empresas maringaenses. Segundo o Cempre, em 2011 eram quase 1,5 mil empresas ligadas ao setor, a maioria também de pequeno porte, com até quatro funcionários com salário médio de R$ 2,8 mil.

Edivaldo Cardoso é proprietário de uma revenda de automóveis com cinco funcionários na Zona 2, em Maringá. Há 38 anos no setor, Cardoso afirma que o mercado pode estar saturado. "O número de empresas ligadas ao setor automotivo cresceu muito, especialmente nos últimos anos. Com isso, precisamos sempre nos adaptar, mas está cada dia mais difícil."

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Dono do próprio negócio há 15 anos, Cardoso defende que as facilidades para a compra de carros novos têm enfraquecido a revenda de veículos usados, mas fortalecido concessionárias e lojas de peças automotivas. "Com tanto incentivo e facilidade de compra, o carro usado fica cada vez mais desvalorizado. Daqui a pouco vamos ser como os Estados Unidos ou o Japão, onde o carro usado, mesmo em boas condições, é considerado sucata."

No entanto, questionado sobre a possibilidade de trocar de setor comercial, Cardoso é taxativo e afirma que isso nunca lhe passou pela cabeça. "A gente reclama porque as coisas mudaram muito nos últimos anos. Mas ainda temos bastante cliente, vendas boas." Tanto que o proprietário afirma que os dois filhos e a esposa também trabalham com automóveis. "Não tem jeito, é o que a gente sabe fazer. Enquanto tivermos bons resultados e der para viver disso, vamos continuar."

O administrador de uma oficina mecânica no Parque das Grevíleas, Denison Bachega, confirma que a concorrência deixou os clientes mais exigentes. Para atender com qualidade e rapidez, Bochega conta que precisou investir em um quadro maior e mais especializado de funcionários.

Atualmente são 11, com média salarial acima do que é oferecido no setor. "É cada vez mais difícil encontrar mão de obra qualificada. Para segurar o bom funcionário, precisamos pagar mais." Bachega afirma que apesar da grande concorrência no setor, o volume de serviço se mantém alto durante todo o ano, especialmente nos períodos próximos às férias. "Claro que a procura varia ao longo do ano. O que a gente considera normal. Mas posso dizer que não falta serviço."