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Moda

Cristina Odan, a japonesa que trouxe a alta costura para Maringá

Cristina afirma que qualquer pessoa pode trabalhar com alta costura a partir da técnica Rittai Saidau | Walter Fernandes
Cristina afirma que qualquer pessoa pode trabalhar com alta costura a partir da técnica Rittai Saidau (Foto: Walter Fernandes)

Imigrante japonesa, a modelista Cristina Odan está prestes a completar um ano em Maringá. Ela, que viveu no Brasil na infância e na juventude, escolheu o Município como casa no retorno ao país, depois de mais de 20 anos no Japão estudando tecnologia em moda. Na mala, ela trouxe todo o conhecimento que reuniu, a fim de contribuir com o polo têxtil regional, por meio de um curso inédito.

No período em que viveu na terra do Sol nascente, a modelista investiu massivamente em cursos na área escolhida trabalhou com grandes nomes da alta costura japonesa, como Issey Mikade, Hiroko Koshino e Musée d´Uji. "Fui em busca de aperfeiçoar meu conhecimento. Pude ver de perto o quanto o Brasil estava naquela época [início dos anos 1990] atrasado tecnicamente."

Cristina conta que o início da vida no Japão foi muito difícil. "Mesmo sendo japonesa de nascença, quando cheguei era tratada como brasileira e vivia o preconceito que o imigrante brasileiro vive. Além disso, sentia a dificuldade da língua para acompanhar os ensinamentos técnicos ministrados nas aulas."

A modelista lembra que seu conhecimento ainda era limitado e que, por conta disso, precisou fazer alguns módulos mais de uma vez. A determinação foi fundamental para o sucesso profissional. Após os dois anos de estudos, Cristina resolveu procurar um emprego na área. Depois de sete entrevistas na mesma empresa, ela conseguiu.

"Depois que fui contratada, o presidente da marca me contou que eles quase me contrataram na quinta entrevista, mas pensaram ‘vamos ver se ela quer mesmo isso’", lembra, aos risos.

E ela queria. Muito, como ela gosta de frisar. "Fui pro Japão pra buscar conhecimento. Para isso, trabalhava e estudava tudo o que podia. Passei anos dormindo só duas noites por semana."

Muitos estudos, trabalhos e Tokyo Fashion Weeks depois, Cristina decidiu que precisava voltar ao Brasil para repassar todo o conhecimento adquirido. Ela defende que a ideia foi motivada pelo desejo de multiplicar o que sabia. "Acho que a gente só se torna uma pessoa melhor quando consegue dar oportunidade de tornar os outros melhores também."

Alta costura em Maringá

A oportunidade de concretizar o sonho surgiu durante uma palestra em que o então prefeito de Maringá Silvio Barros deu na cidade de Hamamatsu, no Japão. "Ele nos apresentou Maringá e todo o potencial econômico da cidade. Na verdade, ele foi estimular os dekasseguis [brasileiros que trabalham no Japão] a voltar para seu país e investir em Maringá."

Depois de conhecer a cidade pessoalmente, a modelista decidiu vir para Maringá para prestar consultoria. Com intermédio da Prefeitura Municipal, conheceu o Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (SindVest).

Para aproveitar as parcerias, Cristina abriu um Centro de Pesquisas de Modelagem, localizado no Novo Centro, onde irá ministrar aulas de tecnologia de moda a partir de abril. As aulas são baseadas em Rittai Saidau, uma técnica avançada de modelagem. "Criei esse método a partir de tudo o que eu sei. Tenho certeza que não é ensinado em nenhum outro lugar do Brasil."

A modelista explica que o método se baseia em um corte tridimensional, com pilotagem perfeita. "Ensino desde o alinhar os fios dos tecidos. Se você não tem isso, todo o caimento da roupa fica comprometido. Isso é a base da alta costura."

A modelista foi consultora de grandes nomes da alta costura mundial. No Brasil, Cristina prestou consultoria aos estilistas da marca Forum, por exemplo, e afirma que esses conhecimentos serão ensinados minuciosamente em seus cursos em Maringá.

"Posso garantir que a partir desse método, o aluno fica qualificado para trabalhar em qualquer coleção de alta costura do mundo."

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