Um delegado cuida de duas comarcas na região Noroeste do Paraná, as de Astorga e de Santa Fé. Com isso, Acácio de Azevedo tem oito municípios Astorga, Santa Fé, Ângulo, Flórida, Lobato, Munhoz de Melo, Nossa Senhora das Graças e Iguaraçu - e cinco distritos, sob a própria tutela. Para ele, a situação atrapalha os trabalhos de investigação. "Muitas vezes, a gente demora mais tempo para elucidar um caso."
Desde janeiro deste ano, o delegado é o responsável pelas cadeias de Astorga e de Santa Fé, que totalizam cerca de 100 presos, além de 600 investigações em andamento, a coordenação das operações de rua e os serviços rotineiros, como interrogatórios e prisões.
Segundo Azevedo, para realizar o trabalho ele criou um sistema de comunicação frequente com os policiais de todas as oito cidades e cinco distritos para saber rapidamente das ocorrências. Mesmo assim, reconhece que nem sempre é possível atender à demanda.
"A gente precisou criar um sistema de prioridades. Por isso, tento me deslocar apenas para acompanhar os casos mais graves. Se não, fico mais tempo na estrada do que trabalhando mesmo."
Azevedo defende que a falta de policiais e de delegados, especialmente em cidades do interior, é um problema antigo no Paraná. Mesmo com duas comarcas para cuidar, ele tem de assumir às vezes outras localidades, quando os respectivos delegados saem de férias ou são transferidos.
Questionado sobre o número de policiais que trabalham atualmente nas oito cidades e nos cinco distritos sob sua tutela, Azevedo explicou que, por estratégia, a Polícia Civil não divulga os dados. "Mas posso dizer que estamos muito distantes do que consideramos ideal."
Outros casos na região Noroeste
Casos como o do delegado Acácio de Azevedo se repetem na região Noroeste do Paraná. O atual delegado de Paiçandu, Gustavo Pinho, é responsável atualmente por mais de 1,5 mil inquéritos. Os casos são de Maringá, Paiçandu, Doutor Camargo e Ivatuba.
Em entrevista à RPC TV, Pinho defendeu que Paiçandu, com mais de 40 mil habitantes e um número elevado de crimes, deveria contar com um delegado exclusivo. Além disso, o delegado afirmou que, por conta do número restrito de investigadores, o trabalho de elucidação de crimes é prejudicado.
Apesar de possuir estrutura física para uma delegacia, Ivatuba não possui policiais civis. Além de ficar sob a responsabilidade do delegado Gustavo Pinho, o município depende do monitoramento dos policiais militares que se dividem entre Ivatuba e Doutor Camargo.
Polícia civil afirma que problema deve ser resolvido em breve
A Polícia Civil do Paraná afirmou que o problema deve ser resolvido em breve. Por meio da assessoria, a polícia disse que delegados e investigadores aprovados em concursos públicos neste ano devem ser remanejados para todas as regiões do estado nos próximos meses.