Denúncias de compra de votos marcam eleição fora de época em Cândido de Abreu

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Quatorze meses depois das eleições municipais em todo o Brasil, os eleitores de Cândido de Abreu, região Central, voltaram às urnas neste domingo (13) para eleger novamente o prefeito da cidade, que tem pouco mais de 17 mil habitantes. João Peda Soares (PSDB) foi escolhido para administrar o município pelos próximos três anos.

Com uma diferença de 104 votos, ele derrotou Josnei Erivan Freitas (PMDB), candidato adversário. Soares era presidente da Câmara Municipal e prefeito interino desde 1º de janeiro. A eleição foi determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), depois que o vencedor do pleito de 2008 não pôde assumir administração. Richard Golba (DEM) e o vice Luiz Czerpicki (PDT) tiveram o registro de candidatura negado em decorrência de irregularidades encontradas em uma prestação de contas de mandato anterior.

Se a nova eleição foi marcada pela intervenção do TRE-PR, os rumos a partir de agora também poderão passar pelas mãos da Justiça. De acordo com o promotor eleitoral do município, Leandro Antunes Meireles Machado, as denúncias de compra de votos se intensificaram ao longo das duas últimas semanas de campanha. "O Ministério Público entrou com dois pedidos de busca e apreensão de documentos para atestar o fornecimento de combustível para participação em carreatas", exemplificou. Segundo Machado, ainda é cedo para dizer se a papelada vai ou não servir de prova em alguma ação civil pública, por isso ele preferiu não citar qual das coligações está envolvida no caso. "Se comprovado, pode resultar na cassação do registro de candidatura ou do diploma, caso eleito", disse.

As chapas se encarregaram de fiscalizar uma à outra, mas também houve casos onde a própria população procurou o MP para relatar aliciamento para compra de votos, explicou o promotor. "Acho isso imprescindível para termos uma eleição limpa. Sem isso seria muito difícil coibir essas ações", disse Machado.

Clima tranquilo nas urnas

A pequena cidade há muito não via um policiamento ostensivo como o que ocorreu neste domingo. Equipes da Polícia Rodoviária Estadual e da Polícia Militar (Rotam) foram deslocadas para garantir a segurança da eleição, totalizando um efetivo extra de 25 agentes. Assim, não foram verificados problemas ao longo do dia.

O prefeito eleito tem até 20 de janeiro para ser diplomado e empossado, mas o cartório vai trabalhar para entregar a cadeira o quanto antes. Desde o início do processo eleitoral a justiça eleitoral conta com dois funcionários, um estagiário, além do promotor e da juíza locais. O recesso forense que começaria em 20 de dezembro foi atrasado em Cândido de Abreu, visto que perdendo ou ganhando, as coligações precisam prestar contas.

"Minhas férias que seriam em novembro foram cassadas", disse Amaral.A convocação de mesários e fiscais envolveu cerca de 200 pessoas distribuídas em 38 locais de votação. Os candidatos acompanharam de perto: Josnei Erivan Freitas foi o segundo colocado em 2008 e João Peda Soares foi eleito vereador e cuidou interinamente da prefeitura de 1º de janeiro para cá.

Situações inusitadas

O fato de Cândido de Abreu ser uma das únicas cidades de país a realizar eleições na data gerou situação inusitada. As pessoas que votam na cidade, mas que não estavam em seu domicílio eleitoral não teriam como buscar uma seção qualquer para justificar o voto. Mesmo assim, ninguém está desobrigado a fazer a retificação. No prazo de 60 dias é preciso buscar um cartório eleitoral ou agência dos correios e preencher a guia disponibilizada.

Embora não tenha havido casos semelhantes, qualquer pessoa com mandado de prisão decretado e que fosse encontrado poderia sim ser preso, ao contrário do que acontece geralmente. Para fugir de ser algemado o suspeito teria que provar ser eleitor em Cândido de Abreu. Esses sim, os únicos imunes.