Recuperação judicial

A empresa Baú da Felicidade Crediário comprou o setor de varejo das lojas da extinta Dudony em 2009. O preço pago foi de R$ 33,5 milhões, sendo R$ 25 milhões para pagar dívidas com credores e R$ 8 milhões para saldar contas administrativas firmadas antes da venda. A compra fazia parte do plano de recuperação judicial.

Segundo o advogado Cleverson Colombo, depois da compra da Dudony, o Baú assumiu a dívida com os credores e de cunho administrativo. "O valor era de aproximadamente R$ 104 milhões, mas os credores deram desconto e, por isso, chegou-se ao valor final de R$ 33,5 milhões", explicou. A proposta de recuperação recebeu voto favorável de 75,7% dos credores (240 pessoas físicas e jurídicas tinham direto a voto). Caso a proposta não fosse aceita, a empresa seria declarada falida e haveria demissões em massa.

No final de fevereiro do ano passado, a rede da Dudony já havia colocado à venda as lojas do grupo no estado de São Paulo, mas não encontrou interessados. A empresa tinha sede em Maringá, empregava cerca de 1.500 pessoas e contava com 110 lojas (incluindo 17 lojas virtuais, que fazem vendas por catálogo) distribuídas pelo Paraná (99) e São Paulo (11).

A Justiça deferiu o processamento de recuperação judicial no dia 18 de dezembro de 2008. Segundo a denúncia do MP, a crise foi justificada à época como resultado da "tomada de decisões estratégicas equivocadas, o que foi agravada pela instabilidade econômica mundial surgida no segundo semestre do ano de 2008".

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O Ministério Público do Paraná pretende ingressar com recurso para que a Justiça acate o pedido de prisão preventiva de Antônio Donisete Busíquia, dono da extinta Dudony, rede varejista de móveis e eletrodomésticos com sede em Maringá que foi comprada no ano passado pelo grupo Baú da Felicidade. De acordo com a ação divulgada à imprensa na segunda-feira (31), o MP acusa Busíquia de liderar um esquema criminoso que envolve a apropriação de lucros em detrimento do pagamento de credores, públicos e particulares.

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A promotoria conseguiu na Justiça o bloqueio de bens do empresário, mas teve o pedido de prisão preventiva negado. Diante da decisão, o promotor Maurício Kalache informou (por meio da assessoria de comunicação do MP) que deve recorrer logo nos próximos dias.

Segundo o advogado de Busíquia, Cleverson Colombo, seu cliente não foi comunicado oficialmente da denúncia até a noite de segunda-feira (31), e que qualquer pronunciamento do empresário só seria feito depois disso.

Denúncia

Segundo a denúncia formulada pela promotoria, Busíquia deixava de pagar fornecedores, assumia empréstimos bancários que não honrava e gastava os lucros na compra de dezenas de imóveis de alto padrão, veículos de luxo, entre outros bens. Além disso, criava outras empresas para desviar dinheiro (sete teriam sido criadas pelo menos).

A mulher do empresário, Ana Márcia Messias Busíquia; os filhos Leonardo e Fernando Messias Busíquia; os irmãos Paulo Sérgio Busíquia, Geraldo Luiz Gonçalves e José Ramil Poppi; o contador Júlio Gonçalves Neto; e os funcionários da rede Mauro José de Farias e Eldo Moreno também foram acusados de participação no esquema.

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Dívidas

De acordo com a denúncia, o rombo inicial de mais de R$ 308 milhões é dividido em duas partes. Uma delas, no valor de R$ 104.6 milhões, é referente a credores e funcionários. A outra, de R$ 203.6 milhões, é devida à Fazenda Pública Estadual.

O advogado de Busíquia, Cleverson Colombo, afirma que a dívida de cerca de R$ 104 milhões foi assumida depois de negociação de desconto, pelo Baú da Felicidade, como parte do plano de recuperação financeira e que o pagamento será feito entre 2012 e 2014. Já o valor devido ao governo é contestado. "A quantia é de aproximadamente R$ 165 milhões, dos quais R$ 106 milhões foram parcelados e estão sendo pagos há dois anos. Além disso, o Estado deve R$ 65 milhões para as empresas.", explicou.

A extinta Dudony era formada pelas empresas Dismar - Distribuidora Maringá de Eletrodomésticos Ltda. e Markoeletro Comércio de Eletrodomésticos Ltda. Segundo Colombo, o Baú da Felicidade comprou apenas o varejo das duas empresas. O atacado continua pertencendo a Busíquia.